Os mais de 100 mil “cabos eleitorais” legalizados hoje na Paraíba segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE) ocupam funções muitas vezes essenciais, mas que deveriam ser preenchidas por servidores concursados. No entanto, resquícios do coronelismo (reinante nas primeiras décadas do século XX) que se intensificou fortemente entre os anos de 1930 e 1950, se embrenharam no serviço público e resultaram no surgimento dos cargos de livre nomeação de prefeitos e governadores, conforme avaliação do professor de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e cientista político Lúcio Flávio Vasconcelos.
Segundo ele, a figura do cabo eleitoral ligada aos coronéis perdurou até os anos da década de 1960, com uma diferença em relação aos de hoje, que ocupam cargos públicos. “No passado”, afirma Lúcio Flávio, “havia o clientelismo pessoal, particular”.
“Era uma relação entre o coronel (líder político local) e o cabo eleitoral que recebia benefícios como dinheiro, medicamentos, passagens de ônibus para deslocamentos para São Paulo e Rio de Janeiro e até proteção (esconderijo) a quem cometia crimes e era procurado pela polícia”, declarou o cientista político.
Na modalidade antiga, os custos saíam do bolso dos coronéis, diferente de hoje, que saem de forma direta dos cofres públicos. Em cidades como Patos, Pombal, Sousa, Cajazeiras, Santa Luzia e São Bento, por exemplo, alguns políticos mantinham nas suas casasentre as décadas de 1970 e 1980- verdadeiras farmácias para distribuir medicamentos a pessoas pobres levadas por cabos eleitorais.
Redação
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