Em reunião com prefeitos realizada nesta semana, o ministro da Saúde, o médico paraibano Marcelo Queiroga, responsabilizou os brasileiros que desrespeitam restrições sanitárias pelo avanço das mortes de Covid-19 no país. Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro e colegas de Queiroga desmoralizarem o apelo do chefe da Saúde pelo uso de máscaras e distanciamento social contra aglomerações, quando um dia após o apelo de Queiroga, a cúpula do governo Bolsonaro aglomerou-se na casa do ministro das Comunicações, Fábio Faria, para uma confraternização.
“Se a população estivesse usando máscaras, mantendo o distanciamento, evitando aglomerações, se tivesse um programa de testagem mais adequado, isolamento dos casos positivos e dos seus contactantes, se fizéssemos a disciplina dos transportes urbanos, e para o funcionamento dos setores estratégicos, os senhores podem ter certeza que não estaríamos vivendo o momento que estamos vivendo hoje”, disse o paraibano que coordena o MS.
Com o país prestes a superar a barreira das 380.000 mortes pelo coronavírus, com problemas de superlotação em hospitais país afora, veja o que ocorreu no feriado de Tiradentes. Praticamente toda a cúpula do governo Bolsonaro aglomerou-se na casa do ministro das Comunicações, Fábio Faria, para uma confraternização.
O objetivo era, segundo apurou a mídia nacional, aproximar os ministros e secretários do governo, aproveitando o feriado de Tiradentes. Na foto do encontro postada no Twitter, estão perfilados — da esquerda para a direita — Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), Pedro Guimarães (Caixa Econômica Federal), Vicente Santini (secretário-executivo da Secretaria-Geral), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), João Roma (Cidadania), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Jair Bolsonaro, Ricardo Salles (Meio Ambiente), Fábio Faria (Comunicações), Gilson Machado (Turismo), Jorge Seif (secretário de Pesca), Célio Faria (chefe de gabinete do presidente), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Flávio Rocha (secretário de Assuntos Estratégicos). O ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, também participou do almoço.
Todos os presentes estavam sem máscara na hora do retrato, contrariando um dos principais apelos do ministro da Saúde — que não está na foto. No dia anterior Queiroga anunciou que o ministério vai realizar uma campanha nacional pelo uso de máscaras, um equipamento de segurança que, na visão dele, se tivesse sido levado a sério no país, teria evitado milhares de mortes.
“Sobre o uso de máscaras, é necessário dizer o esforço que eu tenho feito. Desde o primeiro dia tenho recomendado o uso de máscaras, como também as outras medidas, mas entendo que não é na base da lei que a gente vai resolver isso”, declarou Queiroga, claramente ignorado pelo presidente . Segundo o ministro, é necessária uma conscientização forte da sociedade. Ele pode começar tentando convencer os próprios colegas de governo e o chefe.
Redação