Prestes a fechar uma aliança com o PT para a disputa presidencial, indicando o vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff, o PMDB prepara um levantamento sobre quais são as condições de viabilidade da aliança em cada um dos estados brasileiros. Disparado, a situação mais complicada é a de Minas Gerais, onde os desentendimentos entre PT e PMDB podem comprometer a aliança nacional.
“Se o PT insistir na candidatura própria em Minas, fica muito difícil a gente dizer que vai apoiar ou forçar o partido a apoiar a Dilma. Nesse caso, vamos ver se liberamos todo mundo ou trabalhamos pela candidatura própria. Vejo dificuldade em vários locais, mas as de Minas podem funcionar como um estopim”, adianta o presidente do PMDB mineiro, o deputado federal Antônio Andrade.
Para avaliar as situações das alianças, peemedebistas ligados à Fundação Ulysses Guimarães percorrem todas as regiões do país, em um programa denominado Estradas e Bandeiras. A finalidade é levantar elementos para a formação do plano de governo do partido e mapear as dificuldades.
Neste sábado, a reunião aconteceu no Nordeste. O Centro-oeste e o Norte já foram mapeados. O Sul será nesta semana e o Sudeste no primeiro final de semana de maio. O objetivo é que, no máximo até o dia 15, o partido tenha um mapa da situação Estado por Estado. Por isso, a direção nacional anunciou que pretende “zerar” as pendências com o PT nos estados até a metade de maio. “Zerar as pendências eu acho que não tem como. Cada um tem a sua peculiaridade. No PMDB, aquele grande partido, cada um faz o jogo que lhe interessa”, admite Regina Perondi, uma das integrantes da comissão responsável pelo programa e esposa do deputado federal gaúcho Darcísio Perondi, que já avisou que não haverá palanque do PMDB para Dilma no Rio Grande do Sul.
Assim como Perondi já fez sua avaliação, antes que o mapeamento fique concluído, os peemedebistas têm um esboço de seu desenho. Sabem que, em alguns estados, as lideranças locais já começaram a subir o tom do discurso.
Nas avaliações feitas pelo PMDB, em alguns estados, como o Acre, não há possibilidade de entendimento. “Aqui não existe a mínima chance de aliança. Nenhum peemedebista entraria em uma campanha desse tipo. No Acre nós gostamos do Temer (Michel Temer, presidente do PMDB nacional e da Câmara dos Deputados, cotado para vice de Dilma), somos eleitores dele, mas, nessa aí, não tem como”, resume o presidente do PMDB no Acre, deputado federal Flaviano Melo.
Confira a seguir como o PMDB esboça os cenários em cada um dos estados.
SUL
Rio Grande do Sul – PT e PMDB são adversários históricos. O PMDB defende a candidatura própria do partido à presidência da República. Sabe que ela não vai vingar, mas marca posição e ganha tempo em relação a uma definição. O candidato ao governo do Estado, José Fogaça diz que cumprirá a decisão partidária. O senador Pedro Simon, presidente estadual da legenda, é simpático a Dilma, mas a maior parte das lideranças partidárias assegura que fará campanha para José Serra (PSDB). A avaliação feita pela cúpula peemedebista é de que as resistências existentes pelo Estado impedirão a candidata do PT de subir no palanque peemedebista.
Santa Catarina – o PMDB lançou candidato próprio, o presidente do partido, Eduardo Pinho Moreira. Ele quer que a senadora Ideli Salvati, pré-candidata do PT ao governo, retire a candidatura. Caso contrário, ameaça fazer campanha para Serra.
Paraná – A situação está indefinida. O PMDB lançou candidatura própria, a do atual governador Orlando Pessutti, mas as bancadas pressionam por uma aliança com o PSDB como forma de preservar seu espaço. A definição pode acontecer se o ex-governador Roberto Requião (que deixou o cargo para participar da corrida eleitoral, e é apresentado pela parte do partido que deseja candidatura própria à presidência da República como seu pré-candidato) disputar uma vaga ao Senado, em aliança branca ou expressa com o pré-candidato do PSDB ao governo, Beto Richa, que também deixou a prefeitura de Curitiba para concorrer.
SUDESTE
Minas Gerais – O segundo maior colégio eleitoral do país é considerado por petistas e peemedebistas como o com a situação mais delicada. O pré-candidato do PMDB ao governo é o senador Hélio Costa, ex-ministro das Comunicações, que lidera as pesquisas. O PT assegura que vai apresentar candidato e realiza prévias em 2 de maio entre o ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. O PMDB já ameaçou retirar seus votos da convenção do partido, inviabilizando a aliança nacional com o PT, caso os petistas não capitulem, ou apoiar Serra pelas mãos do ex-governador Aécio Neves (PSDB), que exerce grande influência sobre as bancadas dos dois partidos e se desincompatibilizou para disputar o Senado. Seu vice, Antônio Anastasia, assumiu o governo e é o pré-candidato tucano ao Palácio da Liberdade.
São Paulo – Desde o início da disputa o PMDB consolidou apoio a Serra e não tem candidato ao governo estadual. Orestes Quércia, presidente do partido, concorre a senador na chapa de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB ao governo, que lidera as pesquisas de intenção de votos. O pré-candidato do PT é Aloizio Mercadante.
Rio de Janeiro – A princípio o palanque do governador Sérgio Cabral (PMDB) está garantido para Dilma. O governador, que disputa a reeleição, contudo, não admite que Dilma suba também no palanque de Anthony Garotinho, pré-candidato do PR.
Espírito Santo – Está garantido o palanque duplo PMDB/PT. O pré-candidato do PMDB ao governo é o vice-governador Ricardo Ferraço, que terá o apoio dos petistas. Estes indicarão um candidato ao Senado.
CENTRO-OESTE
Mato Grosso – Palanque do PMDB será de Dilma. O candidato ao governo do Estado é o atual governador, Silval Barbosa (PMDB). Vice de Blairo Maggi (PR), ele assumiu quando Maggi se desincompatibilizou para disputar o Senado, como seu companheiro de chapa. A outra vaga do Senado na chapa é do deputado federal petista Carlos Abicalil, mas parte do PT diz que vai apoiar o candidato do PSB ao governo.
Mato Grosso do Sul – O governador André Puccinelli (PMDB) disputa a reeleição e tem aliança consolidada com PSDB e DEM.
Goiás – O ex-prefeito de Goiânia e pré-candidato do PMDB ao governo, Iris Rezende, oferece palanque para Dilma, mediante algumas condições. Rezende disputa a eleição com o senador Marconi Perillo (PSDB), que venceu a mesma disputa em 1998 e em 2002.
Distrito Federal – o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do DF e administrador de Ceilândia, Rogério Rosso (PMDB), eleito recentemente por votação indireta, tem uma composição quase ajustada. Mesmo que os dois partidos não fiquem juntos, há garantia de dois palanques para Dilma.
NORTE
Acre – guerra declarada entre PMDB e PT, sem possibilidade de palanque. O pré-candidato do PT é o senador Tião Viana. O do PMDB é Rodrigo Pinto. Petistas e peemedebistas asseguram que a candidata mais forte à presidência da República no Estado é a senadora Marina Silva (PV).
Amapá – A negociação da aliança é comandada por José Sarney e está vinculada ao desenrolar dos fatos no Maranhão, onde PT e PMDB locais estão em conflito.
Amazonas – O governador Omar Aziz (PMN) tem o apoio do PMDB pois era vice de Eduardo Braga (PMDB), que saiu do cargo para a disputa ao Senado. Porém, o senador e ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), também é pré-candidato, e teria o apoio de Dilma. O PMDB trabalha com a possibilidade de Aziz oferecer apoio a Serra se for excluído, apesar de ele já ter se manifestado em contrário.
Pará – No Pará há conflito entre a governadora Ana Júlia Carepa (PT), que disputa a reeleição, e o deputado federal Jader Barbalho (PMDB), bem colocado em pesquisas tanto para a corrida ao Senado como para o governo. Os petistas trabalham para que Jader dispute uma vaga ao Senado na chapa, mas lideranças do PMDB querem lançá-lo ao governo, o que inviabilizaria a aliança e comprometeria o palanque da chapa presidencial.
Rondônia – A tendência do PMDB, que tem como pré-candidato ao governo Confúcio Moura, é de liberar os filiados. O pré-candidato do PT é o deputado Eduardo Valverde.
Roraima – Terra do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), que disputa a reeleição, e uniu os partidos, garantindo palanque para ele e para a chapa presidencial.
Tocantins – A princípio, haverá palanque. O atual governador, Carlos Henrique Gaguim (PMDB), que permanece no cargo, disputa a reeleição e quer o apoio do PT.
NORDESTE
Alagoas – O senador Renan Calheiros (PMDB), candidato à reeleição, trabalha para reforçar o palanque de Dilma. PMDB e PT apoiam o pré-candidato do PDT, Ronaldo Lessa, ao governo.
Bahia – O PMDB considera que há uma “guerra sem quartel” entre o PMDB e o PT locais. Na avaliação dos peemedebistas, o ex-ministro da Integração Nacional, o deputado Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB, tenta manter a ideia do duplo palanque. Mas, se o governador Jaques Wagner (PT) levar a exclusividade, Geddel pode rapidamente mudar para o lado de Serra.
Ceará – Situação é confusa, na avaliação dos peemedebistas. O governador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro Gomes, é candidato à reeleição. O PT anunciou que apoiará Cid, mas lançará ao Senado a candidatura avulsa do ex-ministro da Previdência, José Pimentel. O governador socialista pretende ter como companheiros de chapa para o Senado o deputado federal Eunício Oliveira (PMDB) e o senador Tasso Jereissati (PSDB).
Maranhão – No Maranhão a disputa entre os Sarney e o PT atrapalha o palanque. A governadora Roseana Sarney (PMDB) é candidata à reeleição. O PT do Maranhão, contudo, apoia o pré-candidato do PCdoB, o deputado federal Flávio Dino. O clã Sarney solicita intervenção federal, o impasse segue e a situação é avaliada como delicada.
Paraíba – Peemedebistas consideram com 100% de aprovação a aliança e o palanque PMDB/PT. O pré-candidato do PMDB ao governo é o governador José Maranhão.
Piauí – PMDB e PT são aliados. O ex-governador, Wellington Dias (PT), saiu do cargo para concorrer ao Senado.
Pernambuco – O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), apresentado como pré-candidato ao governo, disputará a eleição com o atual governador, Eduardo Campos (PSB). Campos tem o apoio do PT e Vasconcelos fechou com o PSDB e José Serra, mas está impondo algumas condições que incomodam aos tucanos. Apesar disso, o PMDB considera nulas as probabilidades de palanque para Dilma.
Rio Grande do Norte – PMDB e PT não têm candidatos ao governo e negociam apoios. O PMDB está dividido na eleição estadual. Mas o deputado federal e líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o senador Garibaldi Alves Filho, que concorre à reeleição, estão alinhados na questão da chapa presidencial. É onde, na avaliação do PMDB, Dilma pode ter o maior palanque.
Sergipe – O governador Marcelo Déda (PT) vai disputar a reeleição e tudo indica que conte com o apoio do PMDB, com palanque garantido para Dilma.
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