Que cada eleição é diferente uma da outra, isso todo mundo sabe. Mas há uma enorme diferença entre a eleição deste ano e as eleições anteriores, ocorridas no atual período democrático brasileiro. Essa diferença se apresenta quando tentamos fazer alguma projeção para o pleito que virá, tomando por base, por exemplo, a mesma projeção que se fazia antes de tudo o que ocorreu no Brasil nos últimos meses.
Analistas de plantão tentam, a cada eleição, fazer projeções sobre nomes de peso, prováveis candidatos, coligações que renderão maior probabilidade de eleição, uniões de forças políticas – até mesmo forças antagonistas –, rumo a ser seguido na pré-campanha… Isso é mais que normal.
O problema é que, em anos anteriores, poderíamos ter um maior grau de confiança nessas projeções. Sobretudo quando elas vinham daqueles que, pela experiência ou pelo ‘feeling’ político, quase sempre nos davam um ‘norte’ sobre os rumos que a campanha tomaria, o que, de certa forma, servia de bússola para muitos pretensos postulantes.
Mas esse ano não dá. Por mais que tentem, os analistas de plantão – ou os que são escalados para ler as projeções futuras da política e, delas, tirar a linha mestra da futura campanha – não terão a capacidade racional de desenhar um cenário provável para 2018.
Isso porque este ano tudo será diferente. Se em anos anteriores já sabíamos que cada campanha era uma campanha única (com suas peculiaridades), para 2018 podemos dizer: bota única nisso!
Ingressar no mais íntimo do eleitor, identificar o que se passa em seu coração e na sua mente e, a partir daí, dar o direcionamento da ação política e marqueteira de uma possível candidatura, já não será tão simpes como antigamente.
O pensamento e o que sente o eleitor, esse ser tão estudado, tão analisado, tão almejado e tão desejado, estarão muito mais cobertos de fumaça este ano, fruto da atual realidade política do Brasil. Até mesmo entes políticos que, supõe-se, passaram à margem de toda a sorte de confusões e denúncias verificadas ultimamente – propinas, lava jato e cia – foram atingidos. Mesmo que não tenham nada a ver com o imbróglio.
Portanto, é hora de relevar os conceitos de Marketing Político das bancas universitárias, deixar de lado os livros de política e marketing já consumidos, e até esquecer um pouco os ensinamentos dos mais categorizados – de Joseph Goebells aos mais modernos – e tentar, pelo ‘feeling’, pela experiência das campanhas já vividas e pela capacidade de observar cenários adversos, imaginar o caminho para chegar ao coração do eleitor e saber o que existe, realmente, dentro dele. Para, então, traçar a estratégia de como fisgar sua capacidade emotiva. Simples assim, não acham???
Carlo Magno é jornalista, pós-graduado em Marketing