Nem bem foram fechadas as urnas, proclamados os resultados e ainda no aguardo da posse dos eleitos, a Paraíba já prospecta em quase todos os seus municípios as eleições que ocorrerão daqui a dois anos para renovar os mandatos de prefeitos e vereadores.
Na capital do Estado, vários nomes já figuram nas listas elaboradas em rodas políticas e jornalísticas, tanto do lado da situação, quanto das hostes oposicionistas. Sem falar daqueles que ainda não se situam em nenhum dos campos pré-estabelecidos.
Dentro do esquema que hoje domina a Prefeitura da Capital desponta o primeiro suplente eleito para o Senado, o empresário Diego Tavares. Ele foi o único do chamado núcleo cartaxista que obteve êxito nas urnas, praticamente sepultando as pretensões do fiel escudeiro Zennedy Bezerra. Este desfrutou de toda a azeitada máquina municipal e mesmo puxado pelo candidato majoritário Lucélio Cartaxo, irmão do prefeito Luciano, obteve uma votação inexpressiva diante das expectativas criadas.
“Zennedy virou o nosso Urquiza”, confidenciou um secretário de Cartaxo em alusão ao primeiro-amigo do então prefeito e governador Ricardo Coutinho, Alexandre Urquiza, que tentou por várias vezes ser eleito vereador e deputado, mas nunca obteve êxito. Ironicamente, hoje abriga-se nas asas do prefeito Luciano, depois do ruidoso rompimento com Coutinho.
Nomes como o do secretário Adalberto Fulgêncio, pela eloquência e fidelidade ao prefeito, e do líder na Câmara Fernando Milanez Neto, de família tradicional da politica paraibana e que faz bom mandato como vereador, também correm por fora nos bastidores do Paço Municipal.
Bombeiros carregando Mangueira do vice-prefeito Manoel Júnior já foram acionados para tentar sensibilizar o prefeito Luciano Cartaxo a uma reaproximação que o faria o candidato do grupo em 2020. Mas a julgar pela reação imediata do irmão Lucélio, preterido por Manoel em favor de José Maranhão, depois de algumas idas e vindas do vice-prefeito, este assunto está completamente sepultado no silêncio bucólico do condomínio Alphaville, no Bairro dos Estados.
Muitos nomes dependem de terceiros ou mesmo fatores externos para mostrarem sua viabilidade eleitoral, como é o caso dos deputados eleitos Julian Lemos e Cabo Gilberto. Caso o presidente Jair Bolsonaro corresponda às expectativas, inclusive para o Nordeste e a Paraíba que lhe foram adversos, ambos são considerados bons nomes para disputar a Prefeitura pelo PSL.
Nesse mesmo espectro ideológico corre por fora também a figura carismática de Walber Virgulino – o segundo deputado estadual mais votado nas últimas eleições – e que pode contagiar o maior centro urbano da Paraíba com um discurso de combate à criminalidade e eliminação dos criminosos.
Quanto ao MDB, quase todos os analistas profetizam o partido como carta fora do baralho nas próximas eleições, mesmo seu líder maior, José Maranhão, ainda tendo quatro anos de mandato a cumprir no Senado Federal. Mas em se tratando da velha raposa política que há mais de 60 anos se mantém vivo e influente na política local, nunca é bom excluí-lo do tabuleiro das articulações e probabilidades. Basta citar que das últimas cinco eleições, de 2010 até 2018, ele só não se candidatou em uma, a de 2016.
Quem também já insinuou seu nome como provável candidato foi o atual presidente do PSDB, deputado eleito Ruy Carneiro, um verdadeiro sobrevivente do tsunami que se abateu sobre as oposições paraibanas. Bom articulador e defensor dos Cartaxos desde 2016, Ruy dá mostras que vai querer reciprocidade quando chegar a hora, pois considera-se – e com certa razão – mais habilitado eleitoralmente para enfrentar a oposição quando 2020 chegar.
E é justamente no lado oposicionista aonde pairam as maiores dúvidas e também uma grande certeza. Tudo vai depender do humor e do felling político do atual governador Ricardo Coutinho, que controla com mão de ferro o PSB e o agrupamento que venceu soberanamente as recentes eleições no Estado.
A certeza é de que se ele optar pela própria candidatura a prefeito da Capital, já parte como o grande favorito para vencer no primeiro turno, a exemplo do que fez em 2004 e 2008, quando tratorou Ruy Carneiro e João Gonçalves, respectivamente.
Mas caso Ricardo ache que disputar novamente a Prefeitura seria descer um degrau em sua sempre ascendente carreira política, aí pairam as dúvidas e, segundo analistas abalizados, caem drasticamente as chances da oposição a Cartaxo emplacar seu sucessor.
A rivalidade política e até pessoal entre as duas prováveis candidatas do PSB poderia minar as chances reais de vitória, mesmo com o pulso firme do comandante socialista e também da máquina estadual comandado pelo governador eleito João Azevedo.
Estela Bezerra e Cida Ramos, deputadas que emergiram das urnas bastante fortalecidas agora em 2018, foram as duas últimas candidatas do ricardismo contra o próprio Luciano Cartaxo, ambas sendo derrotadas em 2012 e 2016. Só que a revanche não teria na urna o nome e a foto do prefeito de João Pessoa. “Aí o nosso maior problema é a Faixa de Gaza que se estabeleceu entre os seguidores das duas deputadas, que mal se cumprimentam”, afirmou um dirigente socialista ao PBAgora.
Coutinho e Azevedo, como se vê, teriam que buscar um tercius para sanar essa questão, caso o próprio governador atual não arregace as mangas e entre ele próprio na disputa. Nessa condição, dentro do partido, já correm por fora os nomes dos deputados eleitos Gervasio Maia e Hervásio Bezerra, além do secretário de Planejamento Valdson Souza, coordenador da campanha de João Azevedo. O jogo nem começou ainda, mas os dados já estão rolando desde o último dia 8 de outubro. Façam suas apostas.
Redação
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