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CPI: convocação de aliado de Lula está mantida

Apontado como uma espécie de traidor por alguns petistas aliados do Governo Dilma, o deputado federal paraibano Hugo Motta (PMDB), na noite de ontem, segunda-feira (15), teria decidido  adiar, pelo menos por enquanto, a convocação do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, para depor na CPI da Petrobras.

“Não vou fazer isso [agendar o depoimento]. Vai parecer retaliação”, argumentou Hugo. A convocação, no entanto, permanece mantida, mas sem data marcada.

Em contato com a reportagem do PB Agora, a assessoria do parlamentar, no entanto, desmentiu a informação veiculada no jornal O Estadão, alegando equívoco de interpretação.

"A convocação já foi realizada, quando o requerimento Nº 850/15 foi aprovado pelo plenário da CPI. Não houve desistência de convocação e nem adiamento. Ela ainda, a exemplo dos demais 139 requerimentos, terá data agendada".

A expectativa é que seja definido, ainda essa semana, um novo cronograma para publicar, notificar e agendar o depoimento do aliado de Lula. 

ENTENDA

No último domingo (14), informações veiculadas na Folha de São Paulo e no portal Diário do Poder apontaram o deputado federal paraibano, Hugo Mota, do PMDB, como uma espécie de “traidor”.

Intitulada com um “Até tu Brutus” a nota veiculada no Diário do Poder diz que petistas desconfiam que presidente da CPI da Petrobrás, Hugo Mota, está aliado dos tucanos, com o objetivo de desgastar o Partido dos Trabalhadores.

Segundo a Folha, o ex-presidente Lula (PT) chegou a ligar para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para se queixar da convocação de Paulo Okamoto pela CPI presidida pelo paraibano.

Temer disse ao petista que também foi surpreendido com a convocação e garantiu ao ex-presidente que não havia operação apoiada pelo PMDB contra o PT.

Ele ainda ficou de conversar com Hugo Motta e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), sobre o episódio para dar uma posição a Lula.

A negociação entre PT e PSDB para aprovar proposta alternativa à redução da maioridade penal foi interrompida. Os petistas estão enfurecidos com o tucano Antônio Imbassahy (BA), que concluiu a aprovação de 140 requerimentos na CPI da Petrobras, entre eles a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e a quebra do sigilo fiscal, telefônico e bancário do ex-ministro José Dirceu.

A pauta avançava. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) até se reuniu nesta semana com os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.
 

REPERCUSSÃO – No O Globo, Motta é tachado como "pau mandado" de Eduardo Cunha.

Não que fosse necessário. Mas ontem, em conversa com a repórter Daiene Cardoso, de O Estado de S. Paulo, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI da Petrobras e pau mandado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, tirou a máscara de vez.

Adiantou que, por ora, não agendará na CPI o depoimento do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, cuja convocação foi aprovada na última quinta-feira. “Não vou fazer isso [agendar o depoimento]. Vai parecer retaliação”, argumentou Hugo.

Por que retaliação? Porque Lula telefonou para Michel Temer, vice-presidente da República, presidente do PMDB e coordenador político do governo, e deu-lhe uma bronca pelo fato de o PMDB, partido que controla a maioria dos votos da CPI, não ter impedido a convocação de Okamotto.
Em Salvador, onde participou do 5º Congresso do PT, Lula também distribuiu broncas com líderes do seu partido. Chamar Okamotto para depor, segundo Lula, seria quase a mesma coisa que chamá-lo. Okamotto é uma espécie de tesoureiro informal da família Lula da Silva.

Okamotto foi convocado para depor na CPI depois de a Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras, ter descoberto que a empreiteira Camargo Correa doou ao Instituto Lula R$ 3 milhões e pagou a Lula R$ 1,5 milhão por quatro palestras.

“A CPI fez o que era certo”, segundo Motta. “Não podíamos ficar sem dar uma resposta” aos fatos. Quer dizer: a convocação de Okamotto não foi para valer. Foi só para dar uma satisfação à opinião pública e atenuar a imagem de chapa branca da CPI.

– A CPI já tem uma pauta complicada para o PT. O clima já está pesado lá, então isso [disputa entre os partidos] coloca mais lenha na fogueira – justificou Motta sem aparentar o menor constrangimento.

Motta repetiu Okamotto. Que apontou sua convocação como exemplo da luta política travada pelo PMDB com o PT.

O que ele esconde: há mais de um mês que batalha para emplacar afilhados seus em cargos do governo federal. E cobra a liberação de recursos para investimentos em seus redutos eleitorais na Paraíba, principalmente na cidade de Patos.
Por sinal, em janeiro último, Hugo queixou-se de ter apoiado a reeleição do governador Ricardo Coutinho (PSB-PB) e de “o PMDB de Patos” não ter sido contemplado com um único cargo no governo".

– O PMDB de Patos não se sente representado no governo de Ricardo. Não indicamos ninguém, portanto, não nos sentimos representados, e até nem queremos mais -, declarou Hugo. Para em seguida ameaçar:

– Nos sentimos livres para votar as matérias que foram de interesse da sociedade, ou seja, seremos aliados, sem sermos subservientes.
Leia-se: à falta de cargos, o PMDB paraibano não será subserviente ao governador do Estado.

Esse é o presidente da CPI que a conduziria “com muito vigor na apuração dos escândalos da Petrobras”, como garantiu Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara dos Deputados. ao indicá-lo.

Em 2011, ao chegar à Câmara com 21 anos ostentando a condição de deputado mais jovem, Hugo foi logo revelando seu apetite por cargos.
– Se nós somos o maior partido do Brasil [o PMDB], se temos o maior número de senadores, temos vários aliados, várias pessoas importantes para nosso partido que precisam participar do governo, porque nós trabalhamos para esse governo estar onde está.

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Redação

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