O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que a presidente Dilma "mentiu à nação" no discurso que fez em rede nacional de TV na noite desta quarta-feira (2), ao dizer que não faz barganha. "A presidente mentiu. A barganha foi proposta pelo governo e eu me recusei a aceitar a barganha", afirmou em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (3).
Eduardo Cunha disse que se recusou a aceitar barganha para aprovar a CPMF e que também se opôs a atender o ministro Jaques Vagner, que tentaria demovê-lo de autorizar a abertura do processo de impeachment. "Barganhas foram propostas e são constantemente feitas pelo próprio governo. É um governo habituado a barganhas", acrescentou.
O parlamentar ainda afirmou que Dilma teria chamado o deputado André Moura (PSC-SE), aliado de Cunha, para propor que o PT votaria em a favor do deputado no Conselho de Ética em troca da aprovação da CPMF. "Sou adversário do PT. Jamais tivemos simpatia. O conjunto do partido é meu adversário. Sempre preferi não ter os votos do PT no Conselho de Ética", afirmou.
Sobre a decisão da abertura do processo de impeachment, Cunha disse que foi um processo "concreto e factual" e que ele não tinha a intenção de fazer um "embate pessoal". Tanto que, segundo ele, sua decisão já estava tomada antes desta quarta-feira. "Ontem, apenas comuniquei o vice-presidente Michel Temer."
Na tarde desta quarta-feira (3), Cunha acatou o pedido de impeachment de Dilma. Horas depois, a presidente fez pronunciamento na TV do governo em que afirmou que não faria barganha com o deputado para que ele não aceitasse o pedido.
"Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu País, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública", disse a presidente em seu pronunciamento.
No discurso, Dilma também tratou a decisão de Cunha como um achaque ao governo depois de o Partido dos Trabalhadores (PT) ter tirado o apoio ao presidente da Câmara, julgado no Conselho de Ética da Casa por falta de decoro parlamentar depois de ter, suportamente, mentido sobre uma conta no exterior. Trataria-se, segundo avaliação do Planalto, de revanche.
Dilma também fez uma séria de afirmações relacionadas a Cunha e as acusações feitas a ele nos últimos tempos. "São inconsistentes esses pedidos. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não possuo conta no exterior, nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto a improcedência desse pedido, quanto bem pelo seu justo arquivamento."
Foto: J. Batista/Câmara dos Deputados
IG
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