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Dado TSE indica que candidatos já gastaram R$ 140 milhões na tentativa de conquistar votos

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Dados do TSE indicam que candidatos já gastaram ao menos R$ 140 milhões na tentativa de conquistar votos. Comícios viraram artigo raro

Campanha presidencial de Dilma Rousseff, do PT, investiu até agora R$ 9,7 milhões: faixas e materiais impressos estão entre as maiores despesas
 

Quinze mil casas populares para abrigar 75 mil pessoas. É o que seria possível construir com o total de doações eleitorais já registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São R$ 274 milhões, considerando todos os cargos em disputa, de presidente da República a deputado estadual. Desse total, os candidatos já gastaram ao menos R$ 140,3 milhões. A maior parte das despesas foi destinada à publicidade com material impresso, placas, estandartes e faixas. Esses gastos chegam a R$ 58 milhões, o que corresponde a 36% do total. Os impressos superaram até mesmo a produção de programas de rádio e televisão (23,7 milhões), considerada por especialistas como a maior despesa das campanhas. Na era virtual, os tradicionais comícios estão em baixa. Com as limitações impostas pela Lei Eleitoral, consumiram escassos R$ 642 mil em todo o país.

O levantamento dos gastos praticados pelos candidatos foi feito pelo Correio a partir da base de dados do TSE. Estão contabilizadas as doações e despesas feitas no primeiro mês de campanha. Os gastos com programas de rádio e televisão são os maiores nas campanhas majoritárias, para presidente da República, governador e senador. Candidatos a deputado federal, estadual e distrital, que contam com pouco espaço nesses programas, investem mais em material impresso. Isso também acontece porque as campanhas majoritárias geralmente oferecem os serviços de produção de rádio e TV para os aliados. Na divisão por partidos, uma disputa acirrada entre PMDB e PT, que receberam, respectivamente, R$ 46 milhões e R$ 45 milhões.

Empurrão
Quem mais gastou com produção de programas até agora foi o candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Aloizio Mercadante. Foram R$ 10,2 milhões. O curioso é que o petista já gastou R$ 12,6 milhões e só arrecadou R$ 966 mil até agora. Questionado pela reportagem, disse que a diferença entre o total da receita e o total de despesas deve-se “à metodologia aplicada na prestação de contas”, que incluiu a declaração dos valores totais de contratos que serão pagos ao longo de todo o período eleitoral.

A tradicional ajuda dos majoritários aos candidatos a deputado federal e estadual agora é oficial. As “doações a outros candidatos”, registradas no TSE, somam R$ 11,4 milhões. Quem mais doou foi o candidato ao governo do Paraná pelo PDT, Osmar Dias. Ele recebeu doações de R$ 9,7 milhões e repassou R$ 4 milhões a candidatos a deputado que apoiam a sua campanha. Segundo informou a sua assessoria, o dinheiro foi entregue ao comitê da candidatura para ser repassado aos aliados. A ajuda também acontece de deputado federal para estadual. O deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), que tenta a reeleição, recebeu doações de R$ 630 mil e transferiu R$ 400 mil para candidatos a deputado estadual que fazem dobradinha com ele.

Candidato à reeleição, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) doou R$ 1,2 milhão a candidatos a deputado federal. “Normalmente, é para quem dobra com você. Um deputado que me apoia tem a estrutura dele, mas eu ajudo fazendo doações oficiais. Ele usa em material, em cabo eleitoral, combustível, aluguel de carros.” Amaral se mostra incomodado com o perfil dos gastos possíveis pelas atuais regras eleitorais. “O que estão fazendo é afastar o candidato do povo. É uma campanha igual a debate de candidato: absolutamente travada. Com as restrições que estão criando, daqui a pouco, vamos chegar no candidato secreto, que ninguém sabe quem é. Então, para chegar ao eleitor, você estende faixa, faz um bom programa de televisão, monta um bom esquema de internet. É tanta restrição que vão criar o candidato virtual. Estamos fugindo do povo, que é quem vota”, afirmou.

Os gastos com internet são duas vezes maiores do que com comícios, que só superam as despesas com publicidade por telemarketing. “Comício atraía muita gente porque tinha música, banda, show. Hoje não tem nada. Então, são raros os comícios, o pessoal deixou de gastar com isso. Se o comício tiver pouca gente, é ruim para o candidato”, complementa Amaral.

DECISÃO DO STF LIBERA SÁTIRAS A POLÍTICOS
 

O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) que permite a veiculação de sátiras na programação das emissoras durante a campanha eleitoral. Na quarta-feira, a Abert havia entrado com ação em que pedia a suspensão do artigo nº 45 da Lei Eleitoral, que proíbe rádios e televisões de veicularem programas que degradem ou ridicularizem candidatos ao longo do período eleitoral. Ayres Britto suspendeu o inciso segundo do artigo 45 até o julgamento definitivo da ação protocolada pela Abert no plenário do STF. A partir de agora, as emissoras poderão exibir conteúdo humorístico, conforme reivindicaram atores em uma série de manifestações.

 

Correio Braziliense

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