Os históricos eleitorais de Campina Grande e da Paraíba mostram que nosso eleitorado nem sempre aposta numa terceira candidatura, a famosa terceira via. E não é só no âmbito local. Se analisarmos as últimas disputas presidenciais veremos uma forte bipolaridade entre o PSDB e o PT desde 1994. Parece até que vivemos num sistema bipartidário.
Com exceção da desastrosa ex-prefeita Cozete Barbosa, em 2004, o eleitor campinense nunca apostou numa terceira via, definindo as eleições entre dois candidatos. Vale lembrar que em 2004 Cozete Barbosa tinha a máquina municipal para temperar a sua campanha. Sem isso, Cozete deixaria de ser a exceção nessa análise.
Sem grupo político, mas com tradição familiar, a deputada e pré-candidata Daniella Ribeiro corre o risco de sobrar na curva. Hoje Daniella possui nas pesquisas de opinião um voto que não lhe pertence. É o voto do eleitor de Veneziano, que até pouco tempo, órfãos de um candidato com potencial para derrotar o tucano Romero Rodrigues, estavam simpáticos à candidatura de Daniella.
Mas com o lançamento não oficial da candidatura da secretária de Saúde Tatiana Medeiros, o voto dos simpatizantes da gestão de Veneziano tende a migrar para a possível sucessora do prefeito. Sendo assim, Daniella ficará sem espaço numa campanha disputada entre Oposição e Situação.
Na entrevista concedida ao jornalista Luis Torres, no Conexão Arapuan, Daniella sentiu dificuldades em se posicionar sobre os assuntos político-administrativos de Campina. Ou seja, faltou posicionamento. E sem posicionamento eleitoral qualquer candidato fica enfraquecido. Daniella não disse se é a favor ou contra o governo Veneziano. E isso deixa o eleitor confuso.
Pode acontecer com Daniella o mesmo que aconteceu com Geraldo Alckmin em 2008 na eleição paulistana. Candidato contra a vontade de Serra (que apoiara Kassab), Alckmin começou a campanha disputando o primeiro lugar com a Marta Suplicy. Mas não tinha discurso nem de oposição nem de situação, pois o PSDB era da base do prefeito. Não tinha posicionamento. Resultado: foi ultrapassado pelo neófito Kassab e terminou a eleição em terceiro lugar.
Fora isso, a falta de grupo político pode atrapalhar a candidatura da deputada Daniella. Como fazer uma campanha numa cidade do porte de Campina Grande sem ter um grupo de vereadores, líderes comunitários, sindicatos, associações e deputados? Fica difícil quebrar a dicotomia Romero (oposição) X Tatiana (situação) acreditando apenas na boa vontade do eleitor. É muito romantismo. Tatiana terá Veneziano como padrinho. Já Romero terá Cássio. E Daniella?
A queda de Daniella Ribeiro nas pesquisas é inevitável. Questão de tempo.