Categorias: Política

Deputada perseguida no regime militar diz que Brasil vive novo momento

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 Perseguida no Regime Militar a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), afirmou em entrevista exclusiva ao PBAgora, que o Brasil vive um novo momento com a série de protestos que recentemente se espalharam por todo o país.

 

A deputada que sentiu na pele os efeitos do governo militar, sendo uma das vítimas do Golpe de 64, disse que os jovens que foram as ruas já estavam acordados, mas acharam nas manifestações populares, uma forma de expressar seus sentimentos e o desejo de um país mais justo e igualitário. “ Não é um problema de acordar mas de expressar a cidadania. Antes nós tínhamos uma forma de reivindicar. Agora mudamos os mecanismos. O povo vai para as ruas reivindicar seus direitos e um país melhor” afirmou.

 

Segundo ela, as manifestações surtiram efeitos pois obrigaram a presidente Dilma Rousseff (PT) a convocar um plebiscisto; propor a sociedade uma reforma política, e o Congresso Nacional a acelerar votações de importantes Projetos de interesse da nação.

 

Jô Moraes, veio a Paraíba para depor Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba.A ex-presidente do Diretório Acadêmico de Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba, ela emocionou muitas pessoas, incluindo familiares e amigos da época da faculdade e da militância estudantil, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.Historiou a trajetória que a levou à clandestinidade, as alegações absurdas nos processos movidos contra ela e outros jovens ativistas pelos órgãos oficiais, a ação dos órgãos paralelos da repressão, as privações que teve que passar, as dificuldades de ter que viver se escondendo, mudando de identidade para preservar a vida. Destacou também o apoio e solidariedade recebidos de inúmeras pessoas, algumas de pessoas anônimas que às vezes eram fundamentais para escapar dos algozes.

 

A parlamentar também elogiou as Universidades Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) por criarem as suas Comissões da Memória e da Verdade. ” A geração de hoje que está nas ruas não viveu aquele momento e é preciso que eles compreendam que a busca por liberdade plena e pela democracia são requisitos para a mudança”, afirmou a deputada, salientando que as famílias torturadas na Ditadura não podem ser reparadas, no entanto, é possível criar uma consciência para que aquele período não volte a se repetir.

 

A paraibana, nascida em Cabedelo, foi presa duas vezes por agentes da ditadura militar. Teve seus direitos políticos cassados por dez anos e viveu na clandestinidade, tendo que mudar de identidade e de endereço várias vezes. O depoimento foi gravado e vai ser disponibilizado à Comissão Nacional da Verdade (CNV).

 

A parlamentar destacou que a Comissão Nacional da Verdade e as Comissões Estaduais iniciaram um ousado desafio que começa a se impor como uma necessidade histórica. "Resgatar os acontecimentos daquele período tão autoritário é recuperar a pedagogia da liberdade", declarou. Ela acrescentou que o Brasil já viveu muitos ciclos de autoritarismo desde a sua construção. "Então é fundamental que a construção da consciência dos direitos civis seja posta".

 

Jô Moraes foi presa, pela primeira vez, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em São Paulo, junto com 800 jovens que tentavam realizar o evento sem a permissão dos militares. A segunda prisão aconteceu no Recife, quando distribuiu panfletos contra o Ato Institucional número 5, o AI-5, que cerceava a liberdade política.

 

Em 1972, Jô Moraes ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Atuou nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, na organização do partido. Em Minas Gerais foi vereadora, deputada estadual e é deputada federal pelo estado, desde 2006, tendo sido reeleita em 2010. Integra várias comissões na Câmara dos Deputados.

 

PB Agora

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