O embrião de um movimento suprapartidário pelo impeachment da predidente Dilma Roussef surgiu na Câmara dos Deputados. É o que revela uma postagem do Blog do Josias de Souza desta sexta-feira (28).
No texto, o jornalista revela que após Aécio Neves cancelar a reunião em que discutiria o afastamento de Dilma, um jantar foi realizado na noite de quarta-feira (26) e esticado até a madrugada da quinta com 24 deputados de partidos oposicionistas e governistas que se unificaram em torno de um objetivo: o afastamento da presidente da República.
Ainda segundo a postagem, o jantar teria ocorrido na casa do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). Dele participaram inclusive quatro personagens que estariam na reunião cancelada por Aécio: Roberto Freire, presidente do PPS, e os líderes Mendonça Filho (DEM), Rubens Bueno (PPS) e Bruno Araújo (PSDB). A informação é que coube a um deputado do PMDB da Bahia, Lúcio Vieira Lima, convocar o grupo.
Além de Lúcio, foram à mesa outros quatro colegas de partido do vice-presidente Michel Temer: os peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE), Osmar Terra (RS), Darcísio Perondi (RS) e Lelo Coimbra (ES). Jarbas sugeriu que o grupo se aproxime de Temer, que, na hipotética possibilidade de Dilma renunciar ou sofrer impeachment, herdaria o cargo de presidente. O grupo aprovou os últimos movimentos do vice-presidente, que se afastou do varejo da articulação política do Planalto.
Ouviram-se durante o jantar cobranças dirigidas ao tucanato. Avaliou-se que, além do PMDB, hoje o fiel da balança do impeachment, também o PSDB, maior partido da oposição, precisa adotar uma posição uniforme sobre qual a melhor saída para a crise. Havia dois tucanos na sala: Bruno Araújo (PE), que responde pela liderança da oposição na Câmara, e o paraibano Pedro Cunha Lima, filho do líder do partido no Senado, Cássio Cunha Lima. Segundo o jornalista, coube a Bruno informar que o alto tucanato está muito próximo de fechar uma posição favorável ao impeachment.
Josias ainda declara que acredita que haja um quê de exagero na profecia informada por Bruno. O jornalista revelou que o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, posiciona-se em privado contra o afastamento de Dilma. Ele prefere que a presidente fique no posto até 2018, quando estará livre do governo paulista e em plenas condições de entrar no jogo da sucessão presidencial.
Enquanto o tucanato hesita, deputados filiados a partidos do campo governista começam a se posicionar. Além dos correligionários de Temer, estiveram no jantar do impeachment Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (RJ), presidente do PTB federal e filha do deputado cassado Roberto Jefferson.
É certo que grandes movimentos políticos começam de mansinho. Mas a infantaria anti-Dilma está muito longe de obter a quantidade mínima de votos de que necessita. Num colegiado de 513 deputados, são necessários pelo menos 342 votos para aprovar a abertura de um processo de afastamento da presidente. Para consumar o impeachment no Senado, teriam de virar a cara para Dilma 54 dos 81 senadores.
Afora os votos, falta um motivo. Não há nenhum delator da Lava Jato acusando Dilma de ter embolsado verbas sujas do petrolão. Por ora, chegou-se apenas às arcas do PT e à caixa registradora da campanha de Dilma. Mas o TSE ainda não deu um veredicto sobre as propinas “lavadas” pelo PT na Justiça Eleitoral. Há, de resto, as chamadas “pedaladas fiscais”. Mas tampouco o TCU emitiu o parecer final a ser remetido ao Congresso.
À espera da evolução da conjuntura, o grupo planeja manter a “pressão” sobre Dilma. Um dos participantes do jantar conta que Jarbas Vasconcelos disse que o ideal seria que Dilma renunciasse. “É difícil, mas, em política, nada é impossível”l, declarou Jarbas. “O país está muito próximo do fundo do poço, mas ainda não chegamos lá”, ele acrescentou.
PB Agora com informações do Blog do Josias de Souza