A realidade mostra que o discurso do Governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em relação à instalação de uma montadora da Fiat em Pernambuco – beneficiando a Paraíba – é mesmo uma grande falácia. A realidade, já mostrada aqui neste espaço por diversas vezes – e todas as vezes negada pelo Governador e seus auxiliares – é que a Paraíba não verá nem a cor dos investimentos feitos pela Fiat em Pernambuco.
Quem passa pela BR 101, com destino a Recife, percebe que a diferença dos investimentos que estão sendo feitos no vizinho Estado, seja pela Fiat ou por outras empresas, não condiz com o que quer mostrar o Governo. Enquanto estamos em solo paraibano, nada de novas indústrias sendo instaladas, investimentos sendo feitos e coisas do tipo. Porém, basta cruzar a divisa dos estados para perceber a grandiosa diferença: placas e mais placas, canteiros de obras, fábricas sendo erguidas e tudo o mais…
Neste caso específico da Fiat, volto a repetir: não há crime em a empresa querer investir em Pernambuco. Se eles perceberam que lá as condições dadas e as perspectivas econômicas podem ser melhores do que as da Paraíba, não adianta reclamar. Temos que mudar, mesmo, é nosso modelo de gestão.
Porém, o ‘crime’ é do Governo da Paraíba, que deu o ‘aval’ para que a Fiat se instalasse em solo pernambucano sob o argumento – que pobre argumento – de que a nossa Paraíba sairia ganhando, porque a fábrica seria instalada em solo paraibano, os trabalhadores seriam recrutados aqui – o que até agora não ocorreu, diferente de Pernambuco – as fábricas fornecedoras de peças, as chamadas ‘Sistemistas’ iriam se instalar em solo paraibano, gerando emprego e renda por aqui, pois ficariam mais próximas da montadora e tantas outras coisas que foram ditas.
Pois não foi isso o que publicou esta semana o Diário de Pernambuco. Na reportagem, assinada pela jornalista Micheline Batista, ela deixa claro que a intenção do Governo do Estado de Pernambuco, comandado por Eduardo Campos (PSB), o ‘mui amigo’ da Paraíba e de Ricardo Coutinho, é “evitar os municípios da Paraíba”. Vejam a matéria, na íntegra, e tirem suas próprias conclusões:
Igarassu vai receber parque de sistemistas da Fiat
A Fiat já está trabalhando no projeto conceitual do segundo parque de sistemistas (supply park 2), que deverá ser instalado no município de Igarassu, Região Metropolitana do Recife, para abrigar em torno de 40 fornecedores. O governo do estado aguarda a conclusão do documento para então licitar a elaboração do projeto executivo e em seguida o serviço de terraplenagem da área de 110 hectares.
“A gente está esperando a prospecção da Fiat. Por enquanto, ainda não dá para estimar quanto gastaremos com a terraplenagem”, diz o secretário executivo de Projetos Especiais, João Guilherme Ferraz. Na próxima terça-feira (17), o gestor estará em Betim (MG) participando de reuniões com a diretoria da Fiat e espera voltar com alguma sinalização sobre o andamento do projeto conceitual da área.
João Guilherme conta que a Fiat indicou três opções de terrenos para instalação do suppy park 2. “O governo do estado avaliou as opções e escolheu essa área que fica às margens da BR-101, entre Igarassu e Goiana, numa distância de aproximadamente 15 quilômetros da montadora”, explica. Agrupar os fornecedores secundários em uma única área próxima à fábrica seria uma forma de evitar que eles se espalhassem por vários municípios, incluindo os da Paraíba.
A Fiat informou ao governo do estado que o primeiro nível de sistemistas terá 16 empresas para fornecimento just in time de autopeças. Eles serão instalados dentro da área de 1,4 mil hectares onde está sendo implantada a fábrica, assim como o centro de engenharia, a pista de testes e o campo de provas. O governo do estado banca a terraplenagem da área, que deverá ser concluída em agosto a um custo de R$ 89 milhões.
Uma área prioritária de 160 hectares já está pronta para receber as obras civis da montadora, mas a empresa ainda está fazendo ajustes no projeto para melhorar a conexão com o polo de fornecedores. O investimento previsto no complexo fabril é de até R$ 4 bilhões, com a expectativa de gerar cerca de 4,5 mil empregos diretos. A unidade terá capacidade para produzir entre 200 mil e 250 mil carros por mês, a partir de março de 2014.
O total de aporte no complexo, entretanto, pode chegar a R$ 7,2 bilhões incluindo os sistemistas. Cogita-se a instalação de plantas estratégicas, como a Fiat Powertrain, com uma unidade de produção de novos motores, e a Magneti Marelli, fabricante de componentes eletrônicos do grupo. Empresas como Pirelli e Sada Logística também confirmaram o interesse em se instalar em Pernambuco para atender à Fiat. Em Glória do Goitá, a WHB está construindo uma fábrica de virabrequins (peças para motores). Já o grupo Cornélio Brennand está instalando uma unidade de vidros planos em Goiana e prevê outra para produção de vidros automotivos.
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