Acuada pela queda na popularidade e pela solvência do apoio no Congresso, a presidente Dilma Rousseff iniciou nesta segunda-feira aquela que – pelo menos nos planos do Executivo – será uma nova etapa no diálogo com os partidos aliados: em vez de delegar a intermediação a algum ministro, a própria presidente negociou, durante três horas, com representantes de dez legendas governistas. Ela tratou das votações da Câmara e também ouviu pedidos dos aliados.
Diante da presidente, os líderes partidários não perderam a oportunidade de reclamar: pediram que o governo os procurasse antes de enviar propostas de impacto ao Congresso – o que não havia sido feito no caso do programa Mais Médicos. Eles também cobraram a manutenção do diálogo permanente com a presidente.
Desde o início do governo, primeiro com Luiz Sérgio e agora com Ideli Salvatti, a Secretaria de Relações Institucionais, que deveria coordenar o diálogo com o Congresso, tem sido criticada por governistas. Os emissários da presidente não teriam autonomia suficiente para negociar, o que tornava o diálogo improdutivo. E Dilma, quando recebia os aliados, se demonstrava inflexível. Agora, ela tenta destravar o diálogo.
Além do Mais Médicos, a reunião desta segunda-feira serviu para debater o projeto que trata da divisão dos royalties do pré-sal. Mas não houve consenso. O tema deve voltar à pauta na semana que vem, no novo encontro dos líderes com a presidente. Na ocasião, Dilma também deve tratar da proposta de destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Saúde.
O líder do PT no governo, José Guimarães, deixou o encontro desta segunda-feira afirmando que as reuniões da presidente com os aliados devem ocorrer a cada quinze dias. "É o desejo da presidente de reatar e reatar com conteúdo a relação com o Congresso", disse ele, admitindo que a conversa com os aliados foi afetada nos últimos meses.
Líder do PDT, um dos partidos rebeldes, o deputado André Figueiredo (CE) disse ter ficado satisfeito: "É um novo ciclo que pode gerar resultados muito positivos para o país", afirmou. O parlamentar lembrou, entretanto, que o gesto de aproximação é fruto da queda na popularidade da presidente.
PB Agora com VEJA