A operação Lava Jato teve acesso a documentos que provam relação próxima entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com executivos das maiores empreiteiras do País. As informações são do jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira (22).
O ex-presidente era chamado de “Brahma” pelos diretores da OAS. Lula defendia os interesses dos empresários em viagens patrocinadas para o exterior. Em 2013, por exemplo, Lula dirigiu-se ao presidente do Peru sugerindo aliança com o empresariado em Lima.
A delegação com executivos da OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez, além de empresas do porte da Embraer e Eletrobras, viajou do Peru à Colômbia e ao Equador. Depois de cinco meses, o ex-presidente fez mais uma viagem sob patrocínio empresarial.
Conversas por mensagens de texto mostram que a OAS não só deixou um avião à disposição do ex-presidente, como também ajudou a definir sua agenda em viagem feita para o Chile em novembro de 2013. As conversas foram capturadas em celulares de executivos da OAS.
Em uma conversa, o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, chama lula de “Brahma” e discute o roteiro com o executivo da empreiteira, Cesar Uzeda, que diz: “A agenda nem de longe produz os efeitos das anteriores do governo do Brahma, no entanto acho que ajuda a lubrificar as relações. (A senhora [Dilma] não leva jeito, discurso fraco, confuso e desarticulado, falta carisma)”.
Depois, Pinheiro responde: “O Brahma quer fazer a palestra dia 24/25 ou 26/11 em Santiago. Seria uma mesa redonda para 20 a 30 pessoas. Quem poderíamos convidar e onde?”
Mensagens indicam que a agenda de Lula no Chile foi fechada com Clara Ant, ex-assessora da Presidência e diretora do Instituto Lula. Na véspera da viagem, Uzeda diz para “checar com Paulo Okamotto se é conveniente irmos no mesmo avião”.
Em 2011, em viagem à Guiné Equatorial, como representante do governo Dilma, Lula colocou entre os integrantes de sua delegação oficial Alexandrino Alencar, executivo da Odebrecht. Ele foi preso nesta sexta-feira (19).
O ex-presidente e Alexandrino são conhecidos de longa data. Em livro, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, conta sobre viagem em 2009 que Alexandrino fez a Brasília com Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa. Naquela época, Lula pediu ajuda à Odebrecht para a construção do estádio do Corinthians.
A presença de Alexandrino no grupo causou estranheza no Itamaraty, que pediu informações à assessoria do ex-presidente Lula.
R7
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