As eleições de 2010 representaram um golpe para prefeitos de capital que planejam dar o salto até o governo do Estado. Pela primeira vez, dois deles ficaram sem cargo depois de abandonarem a prefeitura no meio do mandato para tentar a “promoção”.
Wilson Santos (PSDB), ex-prefeito de Cuiabá, foi derrotado no primeiro turno, ficando em terceiro lugar na disputa pelo governo de Mato Grosso. Já Íris Rezende perdeu neste domingo (31) o segundo turno para o governo de Goiás, depois de deixar incompleto o mandato de prefeito de Goiânia. Ambos estavam no segundo mandato consecutivo nas capitais de seus Estados.
Mesmo Beto Richa (PSDB), que teve sucesso ao deixar a prefeitura de Curitiba para tentar o governo do Paraná, enfrentou uma disputa mais acirrada do que a que normalmente é encarada por quem tenta o mesmo movimento. Ele conquistou o governo no primeiro turno, com apenas 2,44 pontos percentuais a mais que a soma dos adversários, depois de aparecer atrás do adversário Osmar Dias (PDT) em algumas pesquisas.
Apesar da ambição de tentar passar para um degrau mais alto nos cargos políticos, os prefeitos costumam ser cuidadosos ao dar o salto para o governo do Estado. Devido à distribuição das eleições no Brasil, uma derrota nesses casos significa abandonar mais de dois anos de poder garantido na cidade. Muita pesquisa e cálculo político fazem com que essas iniciativas sejam tomadas só quando a probabilidade de vitória é muito alta.
José Serra (PSDB), por exemplo, deixou a Prefeitura de São Paulo em 2006 e conquistou o governo paulista no primeiro turno, com 57% dos votos. Pesquisas e pressão de aliados para manter os tucanos no poder estadual fizeram o então prefeito quebrar até o compromisso firmado de não concorrer ao palácio dos Bandeirantes.
O único caso recente de político que “errou” no cálculo e perdeu a eleição estadual depois de abandonar a prefeitura de uma capital era o de Tarso Genro (PT), que em 2002 foi derrotado na disputa pelo governo gaúcho tendo deixado incompleto o mandato em Porto Alegre.
A trajetória de Genro pode servir de consolo a Wilson Santos e Iris Rezende: oito anos depois da derrota, ele foi eleito governador do Rio Grande do Sul no primeiro turno, no último dia 3 de outubro.
R7