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EUA: Campanha de Biden diz que declaração de Trump é ‘ultrajante’

Democratic presidential nominee Joe Biden (L) stands with wife Jill Biden as he addresses supporters during election night at the Chase Center in Wilmington, Delaware, early on November 4, 2020. (Photo by Roberto SCHMIDT / AFP)

A campanha de Joe Biden classificou como “ultrajantes, sem precedentes e incorretas” as declarações do presidente Donald Trump que, na madrugada desta quarta-feira (4), declarou-se vencedor da eleição americana, mesmo antes do encerramento da apuração.

Em nota assinada por Jen O’Malley Dillon, chefe da campanha de Biden, os democratas também dizem que a contagem de votos não vai parar e que todas as cédulas serão contadas, como prevê a lei.

“Não vai acontecer. A contagem não para. Ele continuará até que todos os votos devidamente expressos sejam contados. Porque é isso que nossas leis -as leis que protegem o direito constitucional de voto de todos os americanos- exigem.”

Trump disse que vai à Suprema Corte pedir que a apuração seja interrompida, em mais uma movimento de sua cruzada contra as cédulas enviadas por correio, que devem favorecer Biden -mais democratas votaram dessa maneira, segundo projeções.

A campanha de Biden promete brigar na Justiça caso as ameaças do presidente se concretizem.

“Se o presidente cumprir sua ameaça de ir à Justiça para tentar impedir a apuração adequada dos votos, temos equipes jurídicas prontas para se mobilizar para resistir a esse esforço. E eles vão prevalecer.”

Em discurso dentro da Casa Branca, sede do governo americano, o presidente repetiu que levaria a disputa à Justiça e afirmou que a contagem dos votos deveria parar.

“Eles sabiam que não poderiam vencer e disseram ‘vamos à Suprema Corte'”, disse o republicano em referência aos opositores democratas. A tese de Trump é que os adversários tentam fraudar a eleição com o estímulo ao voto por correio, que bateu recorde neste ano por causa da pandemia.

“Isso é uma enorme fraude. É uma vergonha para o nosso país. Francamente, nós ganhamos esta eleição.”

“Nós vamos à Suprema Corte, queremos que todos os votos parem, não queremos que os votos sejam encontrados até as 4 da manhã. É um momento triste”, completou, insistindo na narrativa que vinha apresentando nas últimas semanas.

A vitória autodeclarada, porém, não tem validade legal, e a disputa à Casa Branca permanece indefinida, com votos ainda sendo contados na maior parte dos estados.

Os primeiros resultados da noite desta terça-feira (3) pareciam abrir caminho para Trump seguir na disputa à reeleição e mostravam que a corrida não teria ampla vantagem para Biden, ao contrário do que mostravam as pesquisas.

Entre os estados considerados mais competitivos, Trump ganhou Flórida, Ohio, Texas e Iowa, segundo as projeções. Biden, por sua vez, levou Arizona, Minnesota e New Hempshire, e a disputa virou, mais uma vez para o Meio-Oeste, onde há muitos votos por correio que ainda não foram contados.

Até 6h30 desta quarta (hora de Brasília), com as primeiras projeções, o democrata Biden acumulava, segundo o jornal New York Times e a agência de notícias Associated Press, 227 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral americano.

O republicano Trump, por sua vez, somava 213 pontos. E continuavam indefinidos 8 dos 50 estados.

O movimento de Trump era esperado como um novo recurso de sua cruzada que, há meses, tenta minar a confiança no pleito e fazer da eleição uma batalha na Justiça.

Quase nove pontos atrás de Joe Biden na média das pesquisas nacionais, o presidente lançava dúvidas sobre a integridade do processo, afirmando, sem provas, que a votação por correio levaria a fraudes.

Trump se aproveitou dos esperados atrasos e distorções iniciais que o recorde de votos pelo sistema postal causou para manobrar na saída na apuração.

Isso porque estados que começam a contagem pelo voto presencial, como a decisiva Pensilvânia, poderiam colocar Trump na frente no começo da apuração, já que essa é a forma de votar preferida dos republicanos. O cenário, porém, estava sujeito a mudanças conforme fossem contados os votos por correio, opção feita por mais democratas.

Muitos prognósticos já diziam, como acontecia na madrugada, que Trump apareceria provavelmente à frente na Pensilvânia, que tem até sexta-feira (6) para apurar votos enviados pelos correios -o que poderia mudar substancialmente o quadro em favor de Biden mais a frente na disputa.

Historicamente, a apuração não é concluída de maneira oficial na noite da eleição americana, mas projeções feitas sobre resultados parciais, na maioria das vezes, permitem indicar o vencedor horas após o fechamento das urnas. Com o recorde de votos por correio neste ano, porém, isso não aconteceu.

Com baixos índices de irregularidades, a prática do voto postal é muito comum nos EUA e foi intensificada neste ano em razão da pandemia, principalmente entre democratas. Por isso, virou alvo de Trump.

Para analistas, o questionamento jurídico dos resultados poderia ocorrer se a disputa fosse muito apertada no voto popular ou no Colégio Eleitoral -sistema indireto que escolhe o presidente nos EUA.

A manobra de Trump antes mesmo do fim da contagem de votos é mais um movimento na enxurrada de contestações legais que ele sinalizou fazer após o fechamento das urnas.

 

Redação com O Tempo

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