Em entrevista à mídia nacional no dia de ontem (23), o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getulio Vargas (FGV), há motivos para o governo comemorar tanto na Câmara quanto no Senado. “O estilo faca no pescoço do Lira não é o mesmo do Hugo Motta”, disse.
Ainda segundo ele, Hugo não tem nem idade, nem experiência, nem estilo para esse mesmo perfil. “Então acho que, nesse sentido, foi uma vitória do governo, por exemplo, ter evitado que Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que era o candidato do Lira, fosse vitorioso. Ou seja: o governo conseguiu evitar um mal pior, digamos assim. Elmar Nascimento seria um problema para o governo, porque ele tem mais o estilo do Lira”, avaliou.
Além dos gestos de boa vontade do governo, outro fator será essencial para a relação com os presidentes e os líderes partidários: a distribuição de cargos. Com a iminência de uma reforma ministerial, o governo trabalha para aumentar a participação do Centrão na Esplanada. Para isso, partidos de esquerda que compõem o primeiro escalão — incluindo o próprio PT, que tem 11 ministérios — devem perder espaço. O governo atualmente tem ministros de PDT, PcdoB, PSol, Rede, Republicanos, PP, MDB, PSB, União Brasil e PSD.
“À medida que o governo esteja de fato disposto a fazer uma reforma que divida poder, o que não é fácil para os governos do PT, as dificuldades com o Congresso podem se ajustar”, ressaltou Grin.
Outra variável que deve mudar para 2025 é a relação do Executivo e do Legislativo no que diz respeito às emendas. Com o STF de olho no cumprimento dos critérios de transparência, há cada vez menos espaço para os líderes partidários negociarem apoio político ao Planalto movimentando grandes volumes de dinheiro sem a devida prestação de contas. Não adiantará, portanto, pressionar o Executivo.
“O Congresso já se deu conta de que a farra das emendas vai acabar. Não adianta criar problemas na relação com o governo porque o governo é que vai pagar as emendas, é o governo quem indica cargos. Então o Congresso, me parece, vai se ajustar a essa nova realidade”, destacou o especialista. Ele entende que um maior apoio dos partidos — incluindo alguns que já estão no governo — vai depender do sucesso político e econômico de Lula em 2025.
Redação
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