O cientista político Lúcio Flávio Vasconcelos, doutor em história política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirmou, em entrevista a imprensa esta semana, que a quantidade elevada de partidos políticos no Brasil, bem como na Paraíba é nociva para o sistema político-eleitoral. Atualmente existem 27 partidos que participaram dos dois últimos pleitos, 17 apresentaram queda na votação de legenda e 13 registraram queda nas nominais.
“Como a maioria desses partidos não tem identidade ideológica e não possui um programa partidário sério, termina apenas prejudicando ainda mais a governabilidade. O excesso de partidos leva o eleitor a votar muito mais em pessoas do que em agremiações partidárias”, comentou Lúcio, destacando que esse efeito amplia o personalismo e o autoritarismo na política brasileira.
“Para ficarmos apenas num exemplo, o presidente Jair Bolsonaro já pertenceu a oito partidos diferentes, ao longo da sua vida pública de 30 anos. E está prestes a abandonar o PSL, sem sofrer nenhuma penalidade”, finalizou.
Contra apelidos na política – Uma prática que vem de longe na política e que parece ainda não ter fim para as próximas eleições municipais de 2020, no Brasil e na Paraíba é a criação de apelidos para os candidatos e atuais mandatários. Segundo Lúcio, há uma tradição no Nordeste, como também em outras regiões, de colocar apelidos nas pessoas, grupos e facções. Muitos deles são engraçados e curiosos, mas também existem os ofensivos.
Quem não lembra de referências há alguns políticos paraibanos, como: “Mestre de Obras”, referência ao senador e ex-governador José Maranhão; “Deixa o Mago Trabalhar”, sobre o ex-governador Ricardo Coutinho; “O Cabeludo” ou “Vené”, em referência ao atual senador e ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo; “O Menino de Ronaldo” ou “Franjinha”, em referência ao ex-senador Cássio Cunha Lima, dentre outros.
“Muitas pessoas são mais conhecidas por seus apelidos do que pelo próprio nome”, destacou. No período eleitoral, alguns candidatos lançam mão desses apelidos para se identificar com seus eleitores. Também existem os apelidos pejorativos, utilizados para ofender os adversários e, durante o período de campanha, são propagados no sentido de ridicularizar os oponentes”, disse o cientista.
Redação