Um estudo feito pela unidade de inteligência do portal Congresso em Foco mostra que os estados que mais votaram em Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais de 2018 são hoje os que apresentam as maiores taxas de mortalidade por covid-19. Bolsonaro foi o mais votado naquele pleito nos 12 estados que lideram as estatísticas oficiais de óbitos do Ministério da Saúde, considerando o total de mortes por 100 mil registradas até o último dia 6 de abril. A lista é encabeçada por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
A situação se repete em relação às unidades federativas com os menores coeficientes, este é o caso da Paraíba, que teve até a data da reportagem, 6001 mortes e que em 2018 deu a Bolsonaro apenas 27,81% dos votos válidos. O atual presidente perdeu a eleição em sete dos oito estados com os menores índices de mortes. Nesse caso, a liderança é dos estados do Maranhão, da Bahia e de Alagoas.
O trabalho foi realizado pelos cientistas políticos e economistas Ricardo de João Braga e André Rehbein Sahtler, e enviado mais cedo aos assinantes do Farol Político, análise semanal de cenários que você pode contratar com preço promocional como parte do pacote premium do Congresso em Foco. Veja a relação entre votos nas eleições presidenciais de 2018, considerando os dados atualizados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e incidência de óbitos por covid-19:
Como demonstra a tabela, as 12 unidades federativas mais afetadas pela pandemia têm uma única característica geográfica comum. Nenhuma delas é do Nordeste, onde Fernando Haddad (PT) venceu no primeiro turno em oito dos nove estados e Ciro Gomes (PDT) foi o mais votado no Ceará. Entre os 12, há dois estados do Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), todos os quatro do Centro-Oeste (Mato Grosso, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul), três do Sudeste (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) e três do Norte (Amazonas, Rondônia e Roraima).
Portanto, a relação inclui desde regiões reconhecidamente mais bem servidas em termos de estrutura de saúde – como é o caso do Sudeste e do Sul – até áreas em que essas condições estruturais básicas estão ausentes (em especial, no Norte do país). Ela também não se distingue em termos econômicos ou populacionais. Abrange estados com grandes e pequenas populações, ricos ou não e de diferentes patamares sócio-educacionais.
Fora o voto para presidente em 2018, somente um fator distingue os estados mais afetados até aqui pela pandemia: em apenas um deles, o Espírito Santo, o governador eleito (Renato Casagrande, do PSB) foi adversário de Bolsonaro naquele pleito. E, mesmo hoje, somente três dos 12 governadores são da oposição: além de Casagrande, apenas os tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).
Redação