Na polarização política brasileira, tem sido comum a acusação de que uma pessoa que não “fecha” com um lado político é um “isentão”. Cristãos têm adotado essa postura acusatória contra cristãos independentes que se mantém críticos a políticos e ideologias de direita e esquerda.
Essa é uma acusação injusta e teologicamente equivocada. A rigor, não existe cristão “isentão” na política porque não existe neutralidade. Cristão que é cristão sempre tem uma posição e um lado pré-definido: Cristo e sua Palavra.
De fato, é preciso discernir e não tratar como iguais os lados políticos: as pautas da esquerda, principalmente relacionadas a valores morais, estão muito mais distantes das Escrituras do que os valores compartilhados à direita. Inclusive, parte da tradição de pensamento político à esquerda foi construída em oposição às Escrituras.
Contudo, disso não procede que um cristão deve “fechar” com a direita. Não existe um lado totalmente certo na política. Não existe uma ideologia humanista que espelha todos os valores bíblicos. Não existe político que não deve ser avaliado pelo prumo das Escrituras.
Jesus disse que quem com Ele não ajunta, espalha (Mt 12:30). E disse que não é possível servir a dois senhores (Mt 6:24). Portanto, é um erro acusar pejorativamente um cristão de “isentão” por simplesmente buscar manter sua lealdade à Palavra, enquanto critica políticos e ideologias de esquerda e direita.
O cristão pode se engajar no debate político e assumir posicionamentos mais de um lado político que de outro. Contudo, cristão que é cristão nem cede sua lealdade a políticos e ideologias, nem assume um discurso inquisidor contra o irmão que se mantém em crítica aos pecados da direita e da esquerda.
Portanto, quando o cristão critica ambos os lados da política, não se trata de ser um “isentão”, mas sim de saber que sua lealdade última pertence a Cristo e que, na política desse mundo, todos pecaram e, sem arrependimento, estão destituídos da graça de Deus.