O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira (23) que o papel de Roberto Freire em seu governo irá além ao das atribuições dele à frente do Ministério da Cultura. “Você não vai cuidar somente da cultura, Roberto. Quero que você esteja do meu lado para governar”, disse o presidente durante a cerimônia de posse do novo ministro na pasta.
“Você traz para o governo a simbologia de quem tem um passado de lutas em favor do Brasil. Temos hoje absoluta certeza de que o governo está ganhando muito. Se não foi bem até agora, eu digo a vocês, a partir do Roberto Freire o governo ganhará céu azul, velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil”, discursou o presidente.
Temer reiterou que o País vive uma recessão profunda e que, mesmo diante desse cenário, “exige-se” logo o crescimento, passando por cima da recessão. “Mas é preciso, primeiro, vencer a recessão para depois retomarmos o crescimento, porque é com ele que vem o emprego”, afirmou, referindo-se à necessidade de aprovação da PEC do Teto de Gastos Públicos e da Reforma da Previdência, tanto no âmbito federal como estadual.
“Quando cheguei aqui, na Constituinte, o Freire já era grande figura da política nacional. Acompanhava com muito interesse os discursos e intervenções adequadas, e às vezes muito rigorosas, que ele fazia naquele tempo. Eu, calouro ainda, e ele veterano. Ele não se recorda. Isso significa que pessoas muito importantes, muitas vezes não se lembram das mais singelas”, disse Temer. ” É interessante como a vida tem acidentes”, acrescentou.
Temer revelou que planejava colocar Freire na pasta desde antes da posse na Presidência da República, mas que, em função da necessidade de reduzir o número de ministérios, a ideia acabou sendo postergada. “Roberto disse, após ter sido designado [extraoficialmente] ministro da Cultura, que eu teria de reduzir ministérios, e que se não o fizesse iria apanhar demais. Ele me disse: ‘faça o seguinte: se quiser meu cargo está à disposição’. Como tinha na cabeça a figura do Ministério da Educação e Cultura, resolvi reunir as duas pastas”.
“Logo depois, houve uma grita natural da cultura. Como as contestações eram legítimas, revi o ato, mas a essa altura não foi possível levá-lo, porque já havia outro companheiro ocupando a Secretaria da Cultura”, acrescentou.
Freire assume o ministério no lugar de Marcelo Calero, que, um dia após ter pedido demissão, afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o ministro Geddel Vieira Lima o pressionou a intervir junto ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) para liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador, onde Geddel adquiriu um imóvel.
No discurso de posse, Roberto Freire comparou sua entrada na equipe de governo à participação como líder do governo Itamar Franco, pelo fato de terem ocorrido em momentos políticos conturbados. Ressaltou também o papel importante que a cultura assume, enquanto instrumento de integração e diversidade.
“Para nenhum ser humano o outro é estranho. A pluralidade cultural deve ser a base de nossa tolerância ao outro e ao universo”, disse o novo ministro. “Como parlamentar, com quase 40 anos de exercício de mandato, sei da necessidade do diálogo para enfrentar a divergência, elemento que é fundamental para o exercício da democracia. O diálogo será essencial também para integrarmos todos os agentes culturais”, disse.
O primeiro cargo eletivo de Roberto Freire foi o de deputado estadual, em 1974, pelo MDB, em Pernambuco. Posteriormente foi eleito deputado federal por quatro mandatos consecutivos, passando por partidos como PMDB e PCB, até filiar-se ao PPS em 1992. Em 1994 foi eleito senador. Atualmente, exerce mandato de deputado federal. Foi também líder de governo durante o mandato de Itamar Franco, assumido após o impeachment de Fernando Collor.
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