Após cerca de quarenta minutos de confusão nesta terça-feira (9) no plenário onde aconteceria a reunião da CPI das ONGs, os governistas decidiram abandonar a reunião e impedir, por falta de quórum, a realização da sessão. O problema é a cobrança da base aliada da devolução para um governista da relatoria da investigação. Com a obstrução da base aliada, a instalação da CPI da Petrobras marcada para quarta-feira (10) também não deve acontecer.
“A postura da oposição contamina e atrapalha o clima para a CPI da Petrobras. (…) Se eu fosse da bolsa de apostas de Londres eu cravava que não terá CPI amanhã”, disse o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
A confusão começou com a base governista, com presença maciça na sala, anunciando obstrução até que o presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), respondesse a uma questão de ordem de Jucá pedindo o cancelamento da troca feita na relatoria. Aproveitando uma trapalhada da base aliada, Heráclito substituiu o relator Inácio Arruda (PC do B-CE) por Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Após o pedido, começou a confusão. Diversos parlamentares falaram contra e a favor da troca. Heráclito, por sua vez, disse que não reconhecia o questionamento, o que impediria qualquer recurso seja para o plenário da comissão ou do Senado. “A desatenção da lideranca do PT e o desrespeito com esta comissão foi patente. Tomei uma iniciativa que tinha prerrogativa pra isso”, respondeu Heráclito, justificando a troca.
Protesto
Os governistas protestaram. O líder do PT, Aloízio Mercadante (SP), enfatizou que o próprio Heráclito foi colocado no cargo depois da saída de Raimundo Colombo (DEM-SC) da função. “Precisa ser mantido dentro do mesmo bloco. Vocês não poderiam, como oposição, aceitar que na vacância do presidente nós indicássemos alguém da base. O mesmo vale para nós, mesmo que Inácio não retornasse o entendimento deveria ser respeitado.”
Heráclito não atendeu aos apelos e decidiu dar a palavra ao novo relator para a apresentação de seu cronograma de trabalho. Em protesto, Jucá anunciou uma obstrução permanente na comissão evitando dar quórum para reuniões e toda a bancada governista se retirou da sala, restando apenas o presidente, o novo relator e o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Mesmo assim, Virgílio está lendo seu plano de trabalho, ainda que a reunião não tenha valor formal.
O cronograma apresentado por Virgílio prevê a realização de quebra de sigilos de ONGs com convênios com diversos órgãos do governo federal e a convocação de testemunhas. Entre elas está o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Com a falta de quórum com a obstrução dos governistas, no entanto, uma convocação é improvável. Para reagir, a oposição pretende ir paralelamente à CPI das ONGs encaminhar denúncias sobre suspeitas em contratos para o Ministério Público.
Com o imbróglio, o governo deve evitar a instalação da CPI da Petrobras, prevista para esta quarta-feira. A volta de um governista para a relatoria da investigação sobre as ONGs era uma das pré-condições apresentadas. “O ambiente fica estragado”, resumiu Jucá.
G1