O deputado federal Hugo Motta (Republicanos) surge como o favorito nos bastidores para assumir a presidência da Câmara dos Deputados no próximo biênio, após a desistência de Marcos Pereira (Republicanos-SP) na noite de terça-feira (3). No entanto, seu caminho até a liderança da Casa pode ser complicado pela dificuldade de angariar apoio da ala mais à esquerda do Congresso, especialmente por seu histórico político.
Em 17 de abril de 2016, Hugo Motta, então em seu segundo mandato, votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Durante a sessão histórica, o deputado paraibano declarou: “Presidente, com o orgulho de representar nesta Casa o povo do meu estado, a Paraíba, convicto ainda mais da necessidade de uma união nacional depois deste processo, para que o Brasil retome o seu crescimento e o seu desenvolvimento, eu voto ‘sim’!”. A queda de Dilma marcou o início de sua adesão completa ao governo Michel Temer, onde Motta votou a favor de medidas como a PEC do Teto dos Gastos e a reforma trabalhista de 2017, ambas amplamente criticadas pela esquerda.
No governo de Jair Bolsonaro, Motta continuou sua trajetória de apoio a propostas de direita, votando, por exemplo, pela privatização dos Correios e presidindo a Comissão para Privatização da Eletrobras. Com a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, ele seguiu a linha de seu partido e declarou-se “independente” em relação ao governo Lula, mas fez duras críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo que considerou ser um julgamento “político” que tornou Bolsonaro inelegível.
O histórico de Motta, que inclui apoio a governos que implementaram políticas conservadoras e neoliberais, poderá ser um obstáculo para conquistar o apoio da esquerda mais radical na sua busca pela presidência da Câmara. Apesar disso, a força de sua candidatura é inegável, especialmente após a reviravolta na disputa interna do Republicanos, que consolidou seu nome como o principal candidato da sigla.
Motta é membro de um dos clãs políticos mais tradicionais da Paraíba, com uma história que remonta a seu avô, Nabor Wanderley, prefeito de Patos na década de 1950, e inclui seu pai e avós maternos, que também ocuparam cargos políticos de destaque no estado. No entanto, será necessário mais do que um nome de peso para superar as resistências e construir uma coalizão ampla o suficiente para garantir sua eleição.
PB Agora