Foi numa reunião realizada no Recife que o PSDB decidiu sacramentar o apoio em bloco ao candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC), na disputa contra José Sarney (PMDB-AP), até então favorito para receber os 13 votos da bancada tucana. A reunião foi tomada no escritório político do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, em Boa Viagem. Ele reuniu a cúpula do partido e o principal cabo eleitoral de Tião na Casa, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Em seguida, o grupo jantou no Wiella Bistrô, um dos restaurantes mais chiques de Boa Viagem. Arthur Virgílio, Jarbas e Tasso comeram peixe. Sérgio Guerra preferiu camarões graúdos. A propósito, a casa também é a preferida do prefeito do Recife, o petista João Paulo.
Guerra convocou os senadores tucanos Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE), que desde início das articulações resiste em apoiar Sarney. A decisão, inclusive, já foi comunicada por Virgílio ontem mesmo aos dois candidatos. “Liguei também para a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) para comunicar o apoio em bloco do PSDB a Tião. Agradeci a forma como ela e o pai dialogaram com o PSDB. Claro que ela não ficou feliz”, contou Virgílio ao JC, ontem, durante jantar com os companheiros tucanos e Jarbas, em um restaurante de Boa Viagem.
Virgílio disse ter falado com quase todos os senadores tucanos. A exceção foi o senador Mário Couto (PA), que está no Líbano, mas mesmo assim teria liberado seu voto antes da viagem. “Nosso apoio a Tião pode provocar o efeito manada, influenciando os senadores que hoje estão com Sarney”, espera Virgílio. “Agora Tião está mais competitivo do que nunca”, avaliou Jarbas.
Sobre a farpa do PMDB, que ao saber da decisão dos tucanos os acusou de ter interesses por cargos, Sérgio Guerra provocou: “Eles é que são bons de cargos. Fomos para uma campanha que não é favorita”. Até o início da semana, o apoio do PSDB a Sarney era dado como certo. Mas os ânimos se acirraram. Confiante na vitória, o PMDB pôs obstáculos para acomodar Tasso Jereissati na Comissão de Assuntos Econômicos e Eduardo Azeredo (MG) na de Relações Exteriores.
Os tucanos reunidos ontem no Recife negaram interesse por cargos. Com a carta de Tião Viana em mãos, Guerra disse que pesou na decisão do tucanato os compromissos firmados pelo petista no documento. Aproveitando-se da dificuldade dos tucanos em acertar com Sarney, Viana acatou os pedidos do PSDB e respondeu com uma carta compromisso” às 12 exigências listadas pela bancada para garantir o apoio em bloco. “O principal é a reforma institucional do Senado. Não ligamos para cargos. Tião ser do PT também não importa. O projeto dele para a Casa é bom”, disse Jereissati.
Já o DEM, por unanimidade, formalizou ontem o apoio a Sarney com o discurso de que optou por um não-alinhamento ao Planalto.
Por Cecília Ramos
Da Editoria de Política do Jornal do Commercio
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