O presidente interino do Diretório do Democratas, deputado federal Osório Adriano, tentou visitar Arruda por volta das 11h desse domingo. Foi barrado. Ele não estava na lista das pessoas autorizadas pelo delegado a conversar com o governador afastado. “Eu vim aqui tentar visitar o meu amigo José Roberto Arruda”, disse o parlamentar.
De acordo com a Polícia Federal, durante o carnaval só parentes e advogados terão acesso ao governador. Mesmo assim, é preciso autorização do delegado que coordena a segurança na Superintendência da PF. Outras visitas, como de assessores e secretários de governo, estão sendo analisadas.
Todos os dias, Arruda recebe a visita de um médico pela manhã e no fim da tarde. O cuidado faz parte de uma rotina estabelecida pela polícia, por precaução. O banho de sol ainda não foi liberado. Só depois do carnaval deve ser definido um local que ofereça segurança.
Enquanto isso, Arruda segue trancado numa sala de 40 metros quadrados, do tamanho de uma quitinete, com duas mesas, sendo uma de reunião, quatro cadeiras, sofás, uma cama, ar-condicionado central e banheiro com chuveiro. Telefone e TV foram retirados.
O almoço de domingo chegou pelo cunhado: arroz e carne. Uma mulher, que disse ser avó do governador, tentou entrar na superintendência. Desistiu ao ver a imprensa. Ela também não estava na lista de visitas. Um dos advogados foi levar notícias do sobrinho e ex-secretário particular Rodrigo Arantes, que está preso na Papuda. Na primeira tentativa, teve que ir embora. Voltou quando Arruda tinha acordado.
“Eu não estou autorizado a falar muita coisa. Ele quer saber mais do Rodrigo mesmo”, disse advogado Thiago Souza.
Um amigo levou três livros. Um deles, “1876”, explora os escândalos do governo americano no centenário da Independência. O outro, “Alexandros”, narra a trajetória de Alexandre, O Grande, e as crises do império.
“Ele está terminando de ler um livro e eu deixei os outros. O delegado só me autorizou a deixar os livros e voltar. Não chegamos a conversar”, contou o aposentado do GDF Paulo William.
Os outros cinco presos envolvidos no suposto suborno ao jornalista Edson Sombra estão na Papuda, em duas celas de dez metros quadrados cada, com capacidade para até quatro presos. Eles dormem em beliches. As celas têm banheiro com vaso sanitário, pia e chuveiro com água fria. Estão separados dos outros presos porque estão na área controlada pela Polícia Federal, mas participam da rotina diária do presídio. Comem, recebem visitas e tomam banho de sol no mesmo horário que todo mundo.
No sábado, equipes da Polícia Federal cumpriram mais 21 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos documentos, agendas, computadores e dinheiro em gabinetes do governo e residências de secretários e assessores de Arruda.
Pedido de liberdade
Na noite de sábado, os advogados do secretário de Comunicação Wellington Moraes entraram com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa diz que Wellington não é investigado no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É penas suspeito de participar do esquema de tentativa de suborno ao jornalista Sombra. O pedido de liberdade vai ser analisado pelo ministro Marco Aurélio Mello, que pediu informações ao STJ.
Apoio político
Na próxima quarta-feira (17), o governador deve se encontrar com o presidente Lula. Nesse domingo, ele visitou as obras de ampliação do Hospital de Base e anunciou que os contratos com as empresas investigadas podem ser suspensos.
Paulo Octávio voltou a dizer que não pretende ser candidato. Ele se afastou da presidência do Diretório do Democratas, mas não cogita sair do partido.
O governador em exercício pediu um levantamento sobre os contratos emergenciais suspeitos no GDF. Os repasses às empresas que furaram licitações podem ser suspensos.
“Eu pedi ao secretário de Planejamento um estudo sobre todas as citações de empresas dentro desse processo que corre no STJ. A ideia é analisar caso a caso: quem tem licitação, quem não tem licitação. A princípio, seria proveniente não prosseguir com empresas que não participaram de processo licitatório”, afirmou Paulo Octávio.
O governador em exercício pediu que todos os secretários coloquem os cargos à disposição. O titular da Saúde entregou o cargo. “Até porque não sou político. Sou técnico e vim aqui para resolver um problema. Estou tentando, junto com a minha equipe, meus dois subsecretários, minha secretária-adjunta e todos os diretores de hospitais, como técnicos que somos, estamos tentando resolver”, explicou o secretário Joaquim Barros.
Silvestre Gorgulho, que ocupava a pasta de Cultura, já entregou o cargo nessa sexta-feira (12).
G1
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