Vereador Lucas de Brito (PSL) criticou a letra da música que estaria agredindo a figura pública do ex-presidente da República Epitácio Pessoa
Cultura, democracia, culto a vultos históricos, música, liberdade de expressão, defeitos e virtudes de personagens da política foram alguns dos temas de debate em plenário na primeira sessão ordinária de 2018 na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) na manhã desta quarta-feira (21). Em seu pronunciamento da tribuna, o vereador Lucas de Brito (PSL), 1º-vice-presidente da CMJP, criticou a letra da canção vencedora do '1º Festival de Música da Paraíba', que, segundo ele , agride a figura pública do ex-presidente da República Epitácio Pessoa.
“É uma ofensa e um desrespeito ao maior paraibano e brasileiro de todos os tempos. A canção lhe atribui um adjetivo de baixo calão”, criticou Lucas de Brito, complementando: “Não quero discutir a licença poética da canção, mas apontar que o governo do estado premia uma música de desafeto a uma figura histórica da Paraíba”.
Lucas de Brito fazia referência ao dia 27 de janeiro deste ano, quando o cantor e compositor Chico Limeira foi o vencedor do 'Festival de Música da Paraíba', defendendo a canção 'Imprópria'. Na oportunidade, Chico Limeira arrematou o primeiro lugar do festival, além de ter faturado o prêmio de melhor intérprete. A etapa final do festival aconteceu no no Teatro de Arena do Espaço Cultural. Limeira levou R$ 12 mil (R$ 10 mil pela primeira colocação e mais R$ 2 mil pelo título de melhor intérprete).
A comissão julgadora do festival teve o paraibano Geraldo Vandré como presidente de honra e contou com os seguintes integrantes: José Telles, Fernando Santos, Hernan Halak, Marcello Penedo e Renato Bandeira.
Lembrando que na canção Epitácio Pessoa e o ex-senador da Paraíba Rui Carneiro são chamados de “trapaceiros”, Lucas de Brito destacou: “Na política há divergências partidárias, mas partir para o desrespeito não é aspecto da civilidade, principalmente usando dinheiro público para execrar homens públicos”. As críticas de Lucas de Brito foram endossadas pelo líder da bancada governista da Casa, vereador Milanez Neto (PTB), e pelo vereador Carlão (PSDC).
Liberdade de expressão
O vereador Tibério Limeira (PSB) rebateu as críticas e defendeu a liberdade de expressão. Para Tibério, que também é irmão do cantor e compositor Chico Limeira, os festivais de música sempre foram um espaço de crítica política e no Brasil tiveram ênfase no período da ditadura. “Não estou aqui falando só porque sou irmão de Chico Limeira, mas na defesa da liberdade de expressão”, ressaltou Tibério, acrescentando: “E o governo do estado realizou o festival, mas os integrantes da comissão julgadora não eram membros do governo. E ganhou uma música com o perfil dos festivais, um perfil de contestação”.
Segundo o vereador, Chico Limeira chamou a sociedade para uma reflexão. “Não podemos proibi r e cassar a premiação. Nós na política estamos sujeitos a críticas. Isso faz parte do processo. O autor da música criticou a colocação do nome de políticos em logradouros públicos. Ele teve a liberdade poética de fazer suas críticas”, disse Tibério, revelando que, devido a canção, seu irmão até foi ameaçado por um jornalista durante uma apresentação artística. “Ele fará um boletim de ocorrência e esta Casa precisa se colocar em defesa da liberdade de expressão, principalmente através da arte”.
As observações de Tibério Limeira foram apoiadas pelos vereadores Marcos Henriques (PT), Sandra Marrocos e Bruno Farias (PPS). “Eu enxergo em Epitácio Pessoa um dos grandes vultos brasileiros, mas sei que ele está sujeito a críticas. Dou apoio ao seu irmão, Tibério, e sou pela liberdade de expressão, mas Epitácio merece respeito”, sinterizou Bruno Farias.
Epitácio Pessoa
Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa nasceu em Umbuzeiro, interior paraibano, a 23 de maio de 1865. Moreu em Petrópolis, a 13 de fevereiro de 1942. O político foi magistrado, diplomata, professor universitário e jurista brasileiro e presidente da República entre 1919 e 1922. O período de governo foi marcado por revoltas militares que acabariam na Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao governo central.
Foi deputado federal em duas oportunidades, ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, procurador-geral da República, senador três vezes, chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes e juiz da então Corte Internacional de Haia.
A música de Chico Limeira
“Não vou chamar de General Osório essa vista linda
Nem tenho nada a ver com Figueiredo, fílho de Valentina
Considerando essa boa vibe
Acho muito feio o nome do Geisel
E os personagens trapaceiros Epitácio, Ruy Carneiro
Na história não são principais
Passei primeiro na Pedro Segundo
Primeiramente fora de lugar
Segundamente fora de contexto
Terceira leva do mesmo sujeito
Mesmo sobrenome
Pra botar na placa, pra botar na praça
Pra botar na rua onde passa a massa
Que não sabe nem quem diabo foi esse barão
Vice-presidente, Duque, Deputado
Altamente ultrapassado”.
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