Pela primeira vez desde 2003, a eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados caminha para a candidatura única. O deputado federal Marco Maia (PT-RS) conseguiu ontem o apoio do PSB, em viagens ao Ceará e a Pernambuco, e deve sepultar hoje a candidatura de Sandro Mabel (PR-GO) durante jantar com lideranças do PR. Como Júlio Delgado (PSB-MG) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) já haviam ficado pelo caminho na semana passada, as chances de a eleição na Câmara se transformar em um mero rito procedimental de confirmação da vitória de Maia é grande.
Desde que começou a se movimentar, no fim do ano passado, o petista conseguiu primeiro a indicação do partido, vencendo Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ungido candidato petista à Presidência da Câmara, buscou primeiro amealhar o apoio dos três partidos da oposição — PPS, DEM e PSDB. Depois, conseguiu a confirmação do apoio do PMDB, em acordo que prevê a eleição de um peemedebista para o posto em 2013. Já com maioria consolidada, partiu então para sufocar as campanhas dos adversários de partidos menores.
Com a ajuda do Palácio do Planalto, conseguiu derrubar um a um. O governo federal capitaneou a campanha para que ele não tivesse oponentes na base aliada. A estratégia incluiu adiar as nomeações de quadros do segundo escalão da Esplanada dos Ministérios e estatais para depois da eleição, marcada para a tarde de 1º de fevereiro. A própria presidente, Dilma Rousseff, entrou em contato com PCdoB, PR e PSB pedindo a retirada das candidaturas de Rebelo, Mabel e Delgado. Conseguiu resposta positiva para o pedido das três legendas, devidamente acomodadas no primeiro escalão. “É bom iniciarmos o governo com a base em torno de um candidato único, para construir uma agenda comum. A decisão também respeita a proporcionalidade, que era tradição. O partido com o maior número de deputados vai presidir a Câmara, respeitando a vontade popular”, diz o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF).
Mínimo
Para angariar apoio dos partidos aliados, Maia fez concessões. Primeiro, deixou em aberto o debate sobre o novo valor do mínimo. Viajou a São Paulo, Florianópolis, Curitiba, Recife e Fortaleza e tem encontro marcado com a bancada do PMDB no Rio de Janeiro. Convencidos os caciques, Maia entregará a cada parlamentar uma carta e um vídeo com propostas para o mandato. Desde ontem, ele mantém um site de campanha (www.marcomaiapresidente.com.br) com depoimentos de mulheres deputadas.
No campo das promessas, além do mínimo, ele garantiu ao PR e ao PSB preferência sobre a segunda escolha do PT na Mesa Diretora. A primeira vice ficará com o PMDB, que tem seis candidatos. Entre os cotados estão Rose de Freitas (ES) e Gastão Vieira (MA). Pelo critério da proporcionalidade, o PSDB alocará Eduardo Gomes (TO) na Primeira Secretaria e o PP, Eduardo da Fonte (PE) na Segunda. O DEM caminha para emplacar Cláudio Cajado (BA) na Segunda Vice-Presidência. Pelo quadro atual, Inocêncio de Oliveira (PR-PE) assumiria a Terceira Secretaria.
Cargos e funções
Presidente
Segundo na linha de substituição do presidente da República, atrás do vice. Controla o ritmo dos trabalhos da Câmara. O favorito é Marco Maia (PT-RS).
1º Vice-Presidente
Controla o ressarcimento de despesas médicas dos parlamentares e substitui o presidente da Câmara. Será ocupado por um nome do PMDB
2º Vice-Presidente
É o corregedor e segundo na cadeia sucessória da Casa. Deve ficar com Cláudio Cajado (DEM-BA)
1ª Secretaria
Cuida do orçamento da Câmara e rege a parte administrativa da Casa. Será ocupada por Eduardo Gomes (PSDB-TO) 2ª Secretaria Responsável pela emissão de passaportes diplomáticos. Eduardo da Fonte (PP-PE) é o mais cotado.
3ª Secretaria
Tem sob a sua guarda a emissão de passagens aéreas e a justificativa de faltas dos deputados. Inocêncio de Oliveira (PR-PE) deve ficar com o posto.
4ª Secretaria
Controla os imóveis funcionais e o auxílio-moradia dos parlamentares. A vaga será preenchida pelo PSB, que tem vários nomes na disputa.
Ouvidoria
Indicação do presidente, pode parar nas mãos do PDT ou do PTB, que devem conseguir apenas um cargo de suplência na Mesa Diretora.
Correio Braziliense
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