Aprovada com ampla maioria em plenário, a PEC 241/2016, que limita gastos da União por 20 anos e acaba com a destinação de recursos para pesquisa no país, teve uma grande articulação do governo Michel Temer (MDB). A medida acabou com o sonho de seguir carreira acadêmica, da comunicóloga Gilmara da Mata que ingressou este ano como aluna do mestrado em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no Campus da Capital, e faz parte do universo de 2.532 pessoas beneficiadas com bolsas de pós-graduação disponibilizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nas instituições federais de ensino superior na Paraíba.
Ligada ao Ministério da Educação (Mec), no último dia 3 a entidade ameaçou suspender todas as bolsas destinadas aos estudantes de pós-graduação, em virtude do corte no orçamento da pasta governamental. Contudo, no último dia 6 o Mec garantiu o pagamento das bolsas em 2019. Mas, ainda assim, a possibilidade da medida assombra estudantes e professores.
“O mestrado pede de você uma dedicação muito grande. Além das aulas, nós temos que participar de congressos, escrever artigos para revistas científicas, fazer estágio. Tudo isso é um gasto e é difícil conciliar com trabalho. Então, a bolsa é uma ajuda mínima, mas que garante uma certa segurança para você se manter só estudando”, disse a mestranda Gilmara da Mata.
A UFPB, onde ela estuda, é a instituição federal na Paraíba que detém a maior parte das bolsas ofertadas pela Capes (1.708). Ainda assim, a pró-reitora de pós-graduação da universidade, Maria Luiza Feitosa lembrou que há quatro anos o número de bolsas era superior ao que se tem atualmente.
Ela revelou ainda que os novos programas de mestrado e doutorado são os mais penalizados com a falta de bolsas para os estudantes. “A Capes tem feito um controle maior sobre as bolsas e isso afetou os programas mais novos. A gente tem um quantitativo de bolsa razoável, mas foram criados novos cursos e estes têm dificuldades para receber bolsas. A gente tenta fazer um remanejamento, mas é difícil. O que têm reforçado e garantido algumas bolsas para esses novos mestrados e doutorados foram os dois editais lançados pelo Fundo de Pesquisas do Estado da Paraíba (Fapesq), que é do governo estadual”, explicou a pró-reitora.
UFCG. Na Universidade Federal de Campina Grande, o pró-reitor de pós-graduação, Benemar Alencar, também confirmou as dificuldades dos novos programas em conseguir bolsas via Capes. Segundo ele, nos últimos anos o número de bolsas disponibilizadas tem se mantido. No entanto, mas a maior parte dos programas recentes de mestrado e doutorado ficam sem o benefício para os alunos.
“O número de bolsas que nós temos tem se mantido o mesmo desde 2013, mas a desproporção vai aumentando a medida que os novos cursos ficam sem bolsas, que também não receberam reajuste”, comentou o pró-reitor, Benemar Alencar.
Redação
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