O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada no Senado para investigar as ações do governo federal durante a pandemia da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), inseriu entre os requerimentos protocolados na comissão a convocação do ministro paraibano Marcelo Queiroga (Saúde). Nada mais lógico, se o foco é apurar os “pecados” do governo durante os meses de propagação do novo Coronavírus. Além de Queiroga, ex- ministros da Saúde da gestão Bolsonaro também serão ouvidos na comissão.
Sobre o posicionamento de Queiroga este tenta se diferenciar de Pacheco, ex-ministro acusado de estimular o consumo de medicamentos sem eficácia comprovada ou negar a compra de vacinas. Mesmo assim, é o homem que aceitou tocar o barco furado e terá que dar respostas. Por isso, não pode compactuar com os erros do passado. As ações mais recentes vêm mostrando que ele apresenta um comportamento diferente, demonstra empenho para virar o jogo. Tem estimulado, por exemplo, o isolamento social, prega o uso de máscara e tem tentado comprar vacinas, apesar da pouca oferta no mercado.
O esforço brasileiro surgido após a onda negacionista estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) encontra pouca efetividade porque quem tem vacina para vender jogou o país retardatário para o fim da fila. Por agora, temos uma briga que envolve governadores nordestinos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão federal vetou a compra da vacina Sputnik V, da Rússia, apontando riscos à saúde. Tudo em meio às acusações de pressão política. Se as suspeitas de risco não se confirmarem, alguém terá que ser punido.
Mas de fato, o que temos com a convocação de Marcelo Queiroga é a preocupação dos senadores com o ‘prafrentemente’, como diria Odorico Paraguaçu. Maior preocupação deve recair contra o general Eduardo Pazuello, o ex-ministro que comandou o Ministério da Saúde de forma mais longeva durante a pandemia. Coube a ele toda a política de estímulo à produção de cloroquina e estímulo a uma provável e criminosa busca por imunização de rebanho. Faltou oxigênio em Manaus (AM), por exemplo, e ele mandou cloroquina.
Pazuello é o modelo acabado de tudo o que deu errado na condução do governo durante a pandemia. O resumo disso foi a caminhada dele, recentemente, em um shopping de Manaus sem o uso de máscara. Antes dele, Nelson Teich durou pouco no cargo por saber que a ciência não seria a matéria prima encontrada por ele no ministério. E antes ainda veio Luiz Eduardo Mandetta, outro que deverá ser convocado pela CPI. Este, sim, promete declarações bombásticas contra o presidente da República.
O relator da CPI, Renan Calheiros, proferiu discurso duro durante a instalação da comissão e apresentou os rumos da investigação. “Há responsáveis, há culpados, por ação, omissão, desídia ou incompetência e eles serão responsabilizados. Essa será a resposta para nos reconectarmos com o planeta. Os crimes contra a humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais”, disse o senador alagoano. A Queiroga resta não errar e fazer o certo. Caso contrário…
Redação com Suetoni Souto