Na primeira metade deste mês, uma informação circulou na pouco acreditada mídia paraibana, dando conta de que os vereadores campinenses Marcos Raia (PDT), Rodolfo Rodrigues (PR), Inácio Falcão (PSDB) e Nelson Gomes Filho (PRP) – este último presidente da Câmara – teriam se reunido com o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) e, como resultado da conversa, passariam para a bancada de situação.
A informação foi negada, por alguns com veemência, por outros lerdamente, mas a sessão desta terça-feira provou que pelo menos três dos citados realmente já conjugam um novo verbo, “veneziar”, no presente do indicativo.
Na sessão, que apreciava vetos do prefeito a emendas propostas pelos vereadores ao projeto que criou a Secretaria de Ciência e Tecnologia, a bancada oposicionista não tinha quorum para derrubar os vetos, pelas ausências do presidente Nelson Gomes Filho e da líder oposicionista Ivonete Ludgério (PSB), ambos licenciados por questões médicas, além do tucano Tovar Correia Lima.
Ante a minoria, Daniella Ribeiro (PP) pediu aos colegas que se retirassem da sessão, a fim de não propiciar o quorum mínimo para abertura da votação. Rodolfo, Falcão e Raia resolveram ficar, os vetos foram apreciados e mantidos.
Depois das informações repercutidas no início deste mês, acreditar que os três tomaram tal decisão apenas por “grandeza de espírito”, como avaliou o líder da situação, Olimpio Oliveira (PMDB), seria impossível, coincidência demais para nossa política, onde coincidências não existem – e talvez nem grandeza de espírito.
Fato é que, não fossem as questões partidárias, estes vereadores confirmariam a adesão a Veneziano abertamente. Para Marcos Raia, isso em breve deve ser facilitado, tão logo o PDT confirme a aliança com o PMDB para as eleições de outubro. Para Rodolfo Rodrigues, a única dificuldade deve ser familiar, já que o republicano foi eleito sob influência eleitoral do primo tucano Romero Rodrigues.
O caso mais complexo é o de Inácio Falcão, que, contudo, certamente planeja uma saída – talvez literalmente – para um breve futuro.
A questão ainda é Nelson Gomes Filho. Teria o presidente da Câmara “veneziado” também? Pouco expressivo, de meias palavras, Nelson não diz com clareza nem que sim, nem que não – o que não deixa de ser uma resposta.
Mas, as adesões não devem parar por aí: Alcides da Weider e Jóia Germano, ambos do mesmo PRP de Nelson, são cotados para “veneziar”.
Falta de liderança
A debandada que se assiste na Casa de Félix Araújo evidencia a falta de liderança que se abateu sobre os oposicionistas em Campina Grande e na Paraíba. Não é este o caso de apontar para Ivonete Ludgério que, dentro de suas limitações, pouco pode fazer na Câmara.
A falta de liderança aqui refere-se ao ex-governador Cássio Cunha Lima que, após ser cassado, jamais desempenhou o papel de “grande líder das oposições” que acreditavam seus aliados fosse desenvolver.
A lição é que Cássio não sabe ser líder estando na oposição. Pode aprender, mas já deveria ter aprendido, porque este é um atributo fundamental a quem quer ser líder, afinal, manter o controle quando se tem a máquina, o governo, a caneta, o poder, é fácil.
Sem lideranças maiores, sem controle, sem posicionamento político de consciência, alguns sem sequer saber o que devem fazer na Câmara de Vereadores, a oposição em Campina há muito bate cabeça, numa implícita busca de alguém que os lidere. Encontraram Veneziano.