A ideologia conservadora não pode ser considerada, de modo algum, um espelho do ensino bíblico.
O conservadorismo alimenta sua doutrina política e social do desenvolvimento da história. A tradição e os acertos do passado determinam o que deve ser mantido. Então, propõe que, de modo paulatino, erros do passado sejam reformados, mantendo os acertos.
Contudo, em vários momentos da história, o parâmetro de “acerto” da história nada teve a ver com o ensino bíblico. Vários conservadores ideológicos defenderam a manutenção da escravidão, regimes de apartheid social e o modelo do antigo regime francês que subjugava o povo.
O próprio Leo Strauss, importante jusnaturalista, criticou Burke, pai do conservadorismo moderno, por seu historicismo que, em alguns momentos, poderia se opor ao direito natural devido à priorização da experiência histórica.
Obviamente, o cristão pode encontrar pontos de contato muito importantes com pensadores como Burke, Kirk, Scruton: oposição ao pensamento revolucionário e ao progressismo, ceticismo quanto ao poder da razão, desconfiança quanto à natureza humana, defesa de reformas graduais, etc.
Contudo, o cristão jamais pode confundir conservadorismo com o ensino bíblico. As tradições e os valores conservadores podem variar na história, inclusive, em oposição às Escrituras.
Para o cristão, o conteúdo bíblico deve julgar toda e qualquer ideologia política.