Ao contrário do que os militares e apoiadores afirmam, na verdade foi na data de hoje, 1° de abril, que há 55 anos, precisamente em 1964, foi dado o golpe militar, que culminou com uma cruel ditadura militar.
Ao longo de 21 anos, o Brasil esteve mergulhado num período de trevas, em que o Estado se fez criminoso, adotando uma política contra os adversários que ía desde a cassação de mandatos ao fechamento do Congresso Nacional, à prática das mais cruéis torturas, assassinatos, exílio e brutal censura à imprensa.
Como 1° de abril é o famoso Dia da Mentira, os golpistas e seus patrocinadores, estrategicamente, votaram por celebrar a deflagração do triste evento na data de 31 de março. Acontece, porém, que quando as tropas partiram para defenestrar do poder o presidente Jango já era madrugada de 1 de abril de 1964, de triste memória.
A princípio, o golpe militar recebeu o apoio de um segmento civil representado pela famosa elite, constituída de empresários, grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista e parte da Igreja Católica.
Ao longo dos 21 anos de ditadura, este país acumulou a maior dívida externa de sua história; o desemprego alcançava índices cada vez maiores; a inflação era mensal e galopante, batendo todos os recordes históricos.
É mentirosa a informação de que não havia corrupção nos governos militares. Houve e muito superfaturamento no custo de obras, pagamento ilegal de comissões, evasão de divisas, peculato, entre outros crimes.
LUTFALLA – Afora as novas gerações, quem não se lembra do escândalo Lutfalla que ocorreu durante o Governo Geisel, quando o BNDE concedeu volumosos empréstimos à empresa têxtil Lutfalla, que pertencia à esposa de Paulo Maluf, de quem deriva a expressão "malufar", como significado de roubar, enganar, ludibriar. O dinheiro emprestado acabou sendo perdido pelo Tesouro Nacional.
CONTRABANDISTAS – O escândalo envolvia militares do 1° e 2° Batalhões da Polícia do Exército. Eles mantinham relacionamenro com contrabandistas e um dos chefes era o Capitão Airton Guimarães Jorge. O contrabando era de uísque, perfumes e roupas de luxo, inclusive, roubando as cargas de outros contrabandistas.
ESTRADA DA LAMA – A Transamazônica, que começa em Cabedelo e terminaria em Benjamin Constant no Amazonas, não foi concluída durante o Governo Médici. Além de ter causado enorme crime ambiental, a expulsão de povos indígenas e seringueiros, a obra consumiu U$ 1,5 bilhão, à época. Ao final, a Transamazônica acabou 687 quilômetros antes do previsto e sem asfalto.
MAIS SUPERFATURAMENTO – A construção da famosa Ponte Rio-Niterói teve várias mudanças de consórcios em sua execução. O valor inicial da obra era por volta de U$ 44 milhões. Os números finais nunca foram divulgados por censura do Governo Militar. Mas, segundo cálculos do Jonal O Globo, terá sido U$ 674 milhões, ou seja, 15 vezes mais cara do que o orçamento inicial.
ITAIPU – O superfaturamento correu frouxo na construção da usina hidrelétrica de Itaipu. O projeto original, elaborado na gestão de Jango, estava orçado em U$ 1,5 bilhão. Após o golpe, os militantes assumiram o controle da obra e este projeto foi substituído por outro que custou quase 10 vezes mais: U$ 13 bilhões.
O diplomata José Jobim desapareceu uma semana depois de revelar que denunciaria o superfaturamento na construção da usina em um livro de memórias. O mesmo havia sido sequestrado, torturado e morto pela ditadura militar.
MANDIOCA – O famoso escândalo financeiro da mandioca foi o maior de Pernambuco, ocorrido no período entre 1979 e 1981, na Agência do Banco do Brasil, na cidade de Floresta. Este escândalo resultou no desvio de 1,84 bilhão de Cruzeiros, o que corrigido até fevereiro deste ano equivaleria a R$ 124.372.635,00.
O golpe consistia na obtenção de documentos falsos, como escrituras de propriedades fictícias e agricultores fantasmas. Tudo isso para adquirir créditos agrícolas junto ao Projeto Proagro, para o plantio de vários gêneros agrícolas, como mandioca, feijão e cebola. O escândalo envolveu militares e funcionários do Banco do Brasil.
Tudo isso é apenas uma pitada das mazelas do Regime Militar.
A falsa ideia de que o Brasil de hoje é mais corrupto do que o tempo da ditadura, é que hoje tudo é transparente e não faltam órgãos públicos pra fiscalizar e a imprensa pra denunciar. Na época da ditadura, porém, não havia fiscalização, a imprensa era completamente amordaçada e quem ousasse insinuar, correria o risco de receber a constrangedora visita da Polícia do Exército para ir ali e nunca mais voltar.
Wellington Farias
Foto – arquivo Senado Federal
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