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O REI CONTINUA NU!

Parece que foi ontem, quando começava a conhecer o mundo fascinante dos livros e, debaixo de muita emoção nas aulas de alfabetização no Colégio Pio X Marista, sob efusiva coordenação do Irmão Eduardo D’Amorim ou do tranqüilo Irmão Wellington Mousinho, tive os primeiros ensinamentos literários.

Uma professora chegou à sala de aula com uma caixa cheia de livros e mandou cada aluno escolher um, para ler e comentar.

Por ironia do destino ou por ser irriquieto mesmo, fui o último a pegar um livro, sobrando-me a notável obra literária da celebre fabula “O rei nu” do dinamarquês Hans Christian Andersen.

De início até não gostei imaginando algo com muitos nomes, datas e fatos para serem decorados, como nas lições de História Geral, porém, na medida que comecei a leitura do livro logo despertei para uma estória cheia de humor e ironia, alvorecendo a mais pura imaginação de uma criança, com a universal lição de que todos são iguais. Não somente perante a lei, mas em torno de nós mesmos, além da verdade popular de que errar é humano mesmo às custa da ridicularização.

A fabula conta a história de um Rei muito vaidoso, que foi enganado por assessores bajuladores ao trazerem um tecido, supostamente, mágico só visto aos que fossem inteligentes. Na verdade não existia fazenda alguma e no final conta a lenda, que uma simples criança desavisada Gritou: O Rei esta nu! Ele esta nu!
No fim da fabula o Rei reconhece o erro e envergonhado recolhe-se a sua dantesca insignificância nos aposentos reais.

A estória do “Rei nu” me marcou muito, refletindo diretamente na minha formação pessoal, restando lição a figura dos monarcas ou dos políticos em geral, o dever de impor o devido respeito e admiração de todos, até porque ambos tem na espada e na caneta poderes extraordinários e avassaladores.
A espada que condecora, também mata. A caneta que nomeia, também decide injustamente, e o pior, as vezes, sem recurso.

Mas um chefe de estado nú, claro que não precisa literalmente se despir para ser alvo do saboroso toque de deboche, ridicularia e gozação bem ao gosto do brasileiro.

O tecido da roupa inusitada de qualquer Rei ou Chefe de Poder em todos os níveis: União, Estado e Municípios, está sempre à venda em qualquer bodega da vida, pois vão desde o confisco de bens perpetrado pelo exército manco de Hugo Chaves passando pelos mensalões verde amarelo e corrupções de todas as cores e caixas.

Ensinamento popular já dizia que “poder é a alegria dos homens” e “quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”. Acrescento principalmente, já que ainda, estamos num regime democrático, que os governantes que cumprem mandatos com data definida para seu final, sendo o tempo é precioso para se fazer graça com o dinheiro público.

Aqui bem próximo, o Rei continua andando nú pelas ruas, usando até como farda de gala de uma loucura insana, quando deixa transbordar incontida vaidade, prepotência, e extravagante amor do culto ao Poder, onde tudo é possível, inclusive, o impossível!

A história se repete sem qualquer emenda, em todos Palácios ou mansões instaladas com centenas de Alfaiates ou Assessores e um eficiente Cerimonial permanentemente à disposição para qualquer passo que o Poderoso Chefão tencione dar sob os flash das fotos e os holofotes da televisão. Aparecer sempre, pouco importando o custo das verbas de publicidade institucional.

Os “amigos do poder” dos tempos da monarquia inglesa, estão presentes também aqui no meu Brasil sofrido e desigual, com as equipes de aloprados e bajuladores se revezando em adivinhar o pensamento do Chefe, sendo dispensada a figura do “bobo da Corte”, pois engraçado e anedotário mesmo é o Rei Nú.

No passado como no momento presente, os famigerados “amigos do poder” sempre de plantão para qualquer missão, também se loclupetam com gordas verbas imperiais ou republicanas, estrategicamente tiradas pelo sistema do “roubolation”.

As leis dos tempos do Rei Nú eram Decretos Reais erigidos e embasado no brocado latinico “dura lex sed lex” com punição extrema da pena de morte. Já no âmbito da América do Sul, para os dias atuais das ditaduras travestidas de democracia utilizam a força das canetas para chancelar os Decretos Presidenciais, legislando sem ser legislador, diante de polêmicas Medidas autoritárias editadas no exato interesse pessoal e partidário.

A pena de morte utilizada no período imperial do Rei Nú foi transmudada para a pena de morrer por fome!

A história sempre se repete, mesmo com a vigência da globalização e da febre em defesa dos direitos humanos, que vem desde os tempos de Robim Hood e Zorro ambos tirando à força o dinheiro dos ricos para dar aos pobres se parece muito com os modernos programas sociais, com vasta distribuição eleitoreira em setores especialmente escolhidos.

Pois bem caro leitor, o engraçado é que o Rei anda nú pelo nosso Brasil afora com dimensões continentais, e as gargalhadas são disparadas muito mais perante as telas dos computadores ligados a Internet, do que na própria rua. Isto porque os mandatários de todos os níveis políticos não mais desfilam perante o povo livre e insatisfeito, sem falar no batalhão de seguranças que metem o pau quando qualquer vaia é iniciada…

Na minha fabula imaginária o Rei nu não reconhece a ridicularidade de sua postura, e manda prender a criança desavisada pelo simples fato de dizer a verdade (O Rei esta nú!), para ao final condecorar o Assessor bajulador e o Tecelão de araque.

A lição do consagrado conto dinamarques de Hans Christian Andersen ficou para quem quiser praticar, mas o Rei continua a andar nú pelas vias públicas, as desigualdades aumentam e o povo continua maltratado e sofrido. Tudo como d’antes igual ao quartel do Abrantes!


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