É bem verdade que o governador Ricardo Coutinho, após um início desastroso, com demissões em massa de servidores, corte até mesmo de garantias constitucionais de diversas categorias, desprezo para com Campina Grande e outras cidades administradas por adversários políticos, com a proximidade do ano das disputas eleitorais tem tentado reagir à inoperância governamental.
Mas a Paraíba não vê o que o Secretário Chefe de Gabinete do governador, Adriano Galdino enxerga. Pelo menos é isso o que se conclui do que ele disse esta semana, em entrevista à Rádio Tabajara – aliás, emissora governamental. Segundo Adriano, o governo Ricardo Coutinho é o mais operante, o que mais trabalha, o que mais tem obras e ações da história recente da Paraíba.
“Ricardo Coutinho tem tantas obras, mas tantas obras para ser finalizadas e inauguradas, à espera de uma vaguinha na agenda, que a estrutura do governo não tá dando conta”, disse ele, ao jornalista Célio Alves. Das duas, uma: ou Adriano vive em outro estado ou o governo está tão capenga que não dá conta de inaugurar as poucas ações vistas.
Ainda segundo o auxiliar de RC, a média de investimentos do Governo Ricardo Coutinho é mais que 20 vezes maior que a média de investimentos dos governos Cássio Cunha Lima e José Maranhão. Ele diz que os dados apontam um investimento superior a R$ 8 bilhões, contra R$ 250 milhões da média dos últimos governadores. E disse sem se preocupar até mesmo em estar falando de um aliado seu e de RC.
Vamos partir de Campina Grande, cidade que não viu ainda uma só unidade habitacional das 40 mil que o governador, na campanha de 2010, prometeu construir, em 4 anos. Em Campina, Ricardo passou os dois primeiros anos da gestão inaugurando obras iniciadas e tocadas nas administrações Cássio e Maranhão: Hospital de Regional Emergência e Trauma, Restaurante Popular, Central de Polícia e outras.
A preço de hoje, Ricardo só tem uma obra iniciada, feita e entregue por sua gestão: 800 metros de asfalto, na prolongação da Avenida Almeida Barreto. Aliás, obra que, esta semana, com as primeiras chuvas caídas na cidade, mostrou a sua qualidade: o asfalto rompeu, gerando crateras e causando transtornos aos motoristas que trafegam diariamente pelo local.
E não tem sido diferente em outras cidades. Em João Pessoa, vemos, por exemplo, um Centro de Convenções, gestado por Cássio, iniciado por Maranhão e tocado por RC. Uma obra, como todos sabem, com recursos federais. Na Paraíba inteira, vemos o sucateamento das polícias, alvo de intenso relatório do Ministério da Justiça, que virou notícia vergonhosa para os paraibanos no Jornal Nacional.
Até mesmo as pavimentações de estradas Paraíba afora, que o governo divulga ostensivamente, são resultado de uma ação do governo Maranhão: um empréstimo junto à Cooperação Andina de Fomento – CAF, cujos recursos ficaram disponibilizados no final da gestão Maranhão e que Ricardo, sabidamente, esperou até o ano pré-eleitoral para iniciar as obras.
E as ações para o Turismo paraibano? E o pagamento dos 18 Planos de Cargos aprovados no governo Cássio, pagos por Maranhão e ‘esquecidos’ por RC? E o décimo terceiro do Bolsa Família, de R$ 161,00 que foi transformado num tal ‘abono natalino’ de R$ 32? Tudo isso tem dado espaço para a mídia nacional deitar e rolar com a nossa Paraíba, lamentavelmente.
Aliás, neste aspecto, sim, o governo tem se superado. O rol de aparições em rede nacional só aumenta, com as lingeries da primeira dama, com as 476 latas de farinha láctea consumidas na Granja Santana em um mês, com peixes em extinção, lagostas, camarões e enxoval de bebê que expuseram os paraibanos ao ridículo…
Então, seria mais interessante a Adriano Galdino adequar melhor o discurso. Assim a Paraíba não seria obrigada a conviver com as ficções políticas deste governo.