Em 30 de outubro de 1938, marcianos invadiram a Terra. Pelo menos em uma transmissão de rádio que disseminou preocupação e até pânico entre os milhões de ouvintes da Columbia Broadcasting System (CBS) nos Estados Unidos. Às 21h, uma mulher entrou apavorada na 47ª delegacia de polícia de Nova York. Carregava duas crianças pequenas, roupas e mantimentos. “Estou pronta para deixar a cidade”, anunciou para os policiais, segundo relato do New York Times do dia posterior.
Na verdade, o noticiário veiculado naquela estação de rádio era uma adaptação do livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, narrada por Orson Welles e pela companhia teatral Mercury Theatre on the Air. No início do texto, uma mensagem avisava que a peça se constituía de ficção. Mas muitas pessoas só começaram a ouvir depois, quando a narrativa retratava a queda de um meteoro em uma fazenda de Nova Jersey e a descoberta de que o “meteoro” era uma nave cheia de alienígenas munidos de raios mortais e inclinados a exterminar a espécie humana.
Até certo ponto, o relato chega a ser engraçado, se imaginarmos como um “inocente” programa de rádio atingiu o estado emocional das pessoas. Mas o lado jocoso para por aí. A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real. Dessas, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo.
Mesmo sem a intenção de produzir uma “fake news”, a CBS utilizou o meio de comunicação de massa da época e, assim, propagou o terror. E nos dias atuais? Bem, as notícias falsas deslizam quase na velocidade da luz pelas redes sociais. É comum todos os dias o cidadão receber no seu WhatsApp mensagens encaminhadas que vão desde fotos de supostas crianças desaparecidas até solicitação para doar sangue para uma pessoa que não existe.
Os motivos para que sejam criadas notícias falsas são diversos. Em alguns casos, os autores criam manchetes absurdas com o claro intuito de atrair acessos aos sites e, assim, faturar com a publicidade digital. Mas as “fake news” podem ser usadas, também, para criar boatos e reforçar um pensamento, por meio de mentiras e da disseminação de ódio. Dessa maneira, prejudicam-se pessoas comuns, celebridades, políticos e empresas. Por isso é importante checar as fontes.
Fake News “invade” Assembleia Legislativa e põe deputados em alerta
O deputado Jeová Campos (PSB), político experiente, professor de Direito, subiu na tribuna da Assembleia Legislativa na última terça-feira (11) “cuspindo fogo pelas ventas”. Armou telão em plenário e jogou na “fogueira santa” o ex-juiz Sérgio Moro e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, além do procurador da República Deltan Dallagnol. O parlamentar exigia a prisão de ambos a partir de coletas obtidas em redes sociais. E, claro, as mesmas são falsas.
Um dia após a gafe, que considero passiva de compreensão, não de eximir o parlamentar de culpa por levantar algo tão sério numa casa legislativa, Jeová Campos pediu desculpas pelo “lapso”.
Mas ele não foi o único a cair nos tentáculos da “fake news” no primeiro semestre de trabalhos da Assembleia Legislativa. O neófito Walber Virgulino (Patriota), servindo-se de informações falsas, buscou a imprensa para denunciar que o empresário Roberto Santiago, preso na Operação Xeque-Mate, gozava de regalias enquanto estava em cela do Primeiro Batalhão de Polícia Militar.
Virgulino “bateu o pé” de forma sequencial, como um xaxado do bando de Lampião, e gritou para os quatro cantos que na cela a qual estava o empresário havia um aparelho de ar-condicionado, fato imediatamente negado pelo comando da Polícia Militar.
No outro dia, como Jeová Campos, Walber Virgulino pediu desculpas na Assembleia Legislativa por sua “afobação”. O fato ocorreu no final de março. E, na tribuna, o deputado licenciado Hervázio Bezerra, que hoje está como secretário de Esportes do governo estadual “puxou” a orelha do seu colega, afirmando checar as fontes antes de trazer à tona assuntos duvidosos.
Outro que não produziu, mas foi vítima de “fake news” está na figura do ex-governador Ricardo Coutinho. Também em março surgiu a “informação” que de uma fonte “não identificada” alertou a determinado jornalista que o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) realizava uma “operação de busca e apreensão na residência do ex-governador, Ricardo Coutinho”. Era falsa a informação, e os danos morais ao ex-gestor já estavam em curso.
Ricardo Coutinho foi vítima de outro fake news. Dessa vez ele conseguiu o direito de retratação. Ela veio no portal Sertão em Destaque. A retratação do veículo de imprensa foi relacionada à falsa notícia que o ex-governador teria recebido salário correspondente ao mês de janeiro de 2019, pela Universidade Federal da Paraíba sem cumprir um dia de expediente. A verdade é que os proventos eram decorrentes de um período de férias.
Então, para encerrar, jornalista ou não, é bom sempre checar a fonte antes de expor uma vida a vexames ou passar uma informação maldosa ou preocupante à frente.
Não façamos isso!!!
"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade". Com essa frase, o ministro de propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, resume a consequência trágica da divulgação de notícias ilegítimas.
Eliabe Castor
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