Categorias: Política

Opinião: a fragmentação do PT paraibano não é um bom negócio para o partido nem aqui, nem alhures

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“Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas”. A frase foi formulada pela mente brilhante do filósofo francês Voltaire, e se aplica muito bem à realidade do PT da Paraíba. Envolto em uma batalha interna sobre a conduta do partido nas eleições de 2022, as escaramuças foram intensificadas desde que a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderam a volta do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, às hostes da sigla partidária.

O alvoroço foi grande após o comunicado, e o PT paraibano está prestes a rachar, pois a ala encabeçada pelos deputados federal e estadual, respectivamente Frei Anastácio e Anísio Maia, são contrários ao reingresso de Coutinho no partido, cuja sua filiação é chancelada não só pela direção nacional da agremiação, mas pelo presidente estadual da sigla, Jackson Macedo, o ex-deputado federal Luiz Couto, o vereador Marcos Henriques, além de presidentes municipais de diversas cidades do estado.

É certo que discussões internas acaloradas foram, são e serão partes da história do Partido dos Trabalhadores, seja aqui ou alhures. Mas o tempero local deste ano tende a engrossar o caldo da sopa, com muitas letras, aliás; pois o grupo de Anastácio e Anísio Maia defende, de forma incondicional, apoio ao governador João Azevêdo (Cidadania) à reeleição.

Na outra ponta estão os que apoiam a filiação de Coutinho, hoje no PSB e que deve migrar para o PT em setembro. Vale ressaltar que o ex-governador é adversário ferrenho de Azevêdo, para não dizer inimigo político, pois o emprego do eufemismo é válido em horas de puro caos.

As divergências

O antagonismo dos grupos está claro, e as farpas recorrentes entre as partes são visíveis. Além disso, duas trincheiras já foram escavadas de forma profunda. Uma coloca Ricardo Coutinho na condição de legítimo representante do PT a pré-candidato ao Senado. Do outro lado, o professor doutor Charliton Machado. O embate será inevitável.

E em tal disputa, o grupo insatisfeito com o reingresso de Coutinho diz que o ex-governador tem que chegar ao partido de forma diplomática, sem querer impor suas vontades. Ainda em desfavor do ex-gestor, seus problemas judiciais, em particular a propalada Operação Calvário, têm o poder de colocar ainda mais fogo no incêndio quase sem controle na “casa” petista.

Ainda é cedo para avaliar quem sairá vitorioso em tal querela, observando que há um ponto nevrálgico do problema: como ficará o palanque do ex-presidente Lula na Paraíba, uma vez que seu partido tem um cisma claramente detectável entre suas bases? Será preciso muito diálogo dos dirigentes municipais, estadual e a executiva nacional do partido para debelar as labaredas que, em dias atuais, só tendem a crescer.

Que as partes findem a discussão de forma democrática, caso contrário, nenhuma terá o direito de estar certo, o que será péssimo para o partido em todos os aspectos.

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