O possível ingresso do ex-governador Ricardo Coutinho no Partido dos Trabalhadores é algo questionável, cuja sigla partidária petista deve observar com bastante lucidez. E aqui não estou a apontar as qualidades do ex-gestor da Paraíba, que conduziu, na minha visão, políticas publicas assertivas direcionadas ao crescimento do Estado com maestria.
Vejo na figura de Ricardo Coutinho excelente administrador público. Sua capacidade de gestão é exemplar, e não se pode negar tal fato. Porém, o seu comportamento temperamental excessivo é um dos seus pontos fracos. Outros problemas que o ex-governador enfrenta deixam seu capital eleitoral fragilizado.
Sobre ele pesam uma série de denúncias na propalada Operação Calvário; seu rompimento político com o governador João Azevêdo (Cidadania) e a remota possibilidade em disputar o cargo eletivo de senador, uma vez que, em dias atuais, permanece inelegível, e pelas derrotas sucessivas na esfera judiciária, é provável que o quadro se mantenha.
Para agravar ainda mais, seu atual partido, o PSB, cuja sigla teve grande poder político na maioria dos municípios paraibanos definha. Ex-aliados de peso de Coutinho, como o presidente estadual da legenda socialista, Gervásio Filho, que ocupa um assento no Congresso nacional como deputado federal e o senador Veneziano Vital do Rêgo não já não mantêm conversas com o ex-governador.
E nesse solo pouco fértil que Coutinho caminha em dias atuais, nem mesmo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, acredita em uma “recuperação” jurídica do ex-gestor que o qualifique para disputar um cargo eletivo em 2022. Outro ponto: o PT está dividido em relação ao reingresso do ex-gestor na agremiação partidária.
O presidente do PT da Paraíba, Jackson Macêdo, um dos signatários do manifesto de 113 filiados do partido em defesa da filiação de Coutinho e dos deputados estaduais do PSB à legenda petista diz, de maneira incerta, que a ida do ex-governador para as hostes do partido fortalece a legenda.
Ele teria razão, não fosse – como já observei – os imbróglios judiciais, e até políticos que Coutinho busca debelar. O próprio deputado estadual Anísio Maia (PT) é contra o ingresso do ex-governador na agremiação. Outro ponto: como ficará a posição do PT em apoiar ou não a reeleição de João Azevêdo, ferrenho adversário político do ex-chefe do Executivo estadual?
E nesse calhamaço de dúvidas, fica a pergunta, mesmo havendo o aval do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, expoente maior do PT e que apoia o retorno de Ricardo Coutinho para a legenda. Vale a pena o Partido dos Trabalhadores entrar em um xadrez político complexo e incerto na Paraíba? Presumo que não!
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