Tem muito mais coisa (além do simplesmente aparente) nas entrelinhas da entrevista concedida pelo governador João Azevêdo, nesta segunda-feira (23), ao radiofônico Correio Debate, do Sistema Correio de Comunicação.
Numa tirada só, o governador paraibano deu uma resposta sobre as supostas pretensões políticas da sua vice-governadora, Lígia Feliciano (PDT), mandou recado indireto ao MDB e alfinetou o seu criador político, Ricardo Coutinho.
Na verdade, o recado serve para todos aqueles que têm cargos no governo. Mas especificamente foi dirigido àqueles que, embora estejam nesta situação, os respectivos partidos cogitam de lançar candidaturas à sucessão do próprio João Azevêdo.
O governador paraibano havia sido perguntado sobre as possibilidades de sua vice-governadora, Lígia Feliciano, sair como candidata a governadora, para garantir – na Paraíba – palanque para Ciro Gomes, pré-candidato do partido dela à Presidência da República.
É razoável supor que, nas entrelinhas bem apertadinhas João Azevêdo mandou recado não só ao PDT de Lígia Feliciano, como ao MDB do senador Veneziano Vital.
Sim, porque as cogitações mais frequentes nos bastidores da política paraibana sugerem que o senador Veneziano pode se candidatar ao Governo do Estado, se não for dado ao MDB o tratamento que um partido com a sua história e seu peso político tem.
Nos últimos meses, também surgiu as cogitações sobre Lígia Feliciano também poder se lançar ao Palácio da Redenção, por exigência da Direção Nacional do PDT.
Indireta
Em resposta, João Azevêdo disse que, ao contrário do que outros faziam no passado, não se intromete em assuntos de economia interna de partido que não seja o seu, o Cidadania. Uma clara alfinetada no seu antecessor e mestre político, Ricardo Coutinho; que todos os partidos são independentes para ter quantas candidaturas próprias quiser.
Mas tem um detalhe, segundo o próprio Azevêdo deixou claríssimo: o partido aliado que apresentar candidatura própria à sua sucessão, faça o favor de sair do governo, ou seja: entregue os cargos de que usufruem na estrutura administrativa.
Romero
A imprensa começou a especular que o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, estaria repensando as suas pretensões políticas-eleitorais. Leia-se querendo desistir da pré-candidatura a governador e optar por senador ou deputado federal.
Independente de ser verdade ou não, bem que Romero poderia levar em conta esta “sugesta” da imprensa, considerando que a essa altura do campeonato a sua pretensão de governar a Paraíba não decolou e não está nada fácil.
O pior é que Romero se transformou, na Paraíba, a fina-flor do bolsonarismo; rasgou elogios a Bolsonaro, fez campanha e panfletagem para ele, pensando que o “messias” havia chegado como a panaceia do Brasil e que, portanto, ele, Romero, mais tarde surfaria numa tsunami positiva rumo ao Palácio da Redenção.
Lêdo engano. Pelo menos até agora.
A marca do bolsonarismo é hoje, na Paraíba, ou em qualquer lugar do Brasil, um peso insuportável para qualquer candidatura majoritária.
A menos que, daqui para meados do próximo ano, haja uma reviravolta daquelas.
O que é muito pouco provável.
Wellington Farias
PB Agora