As guerras por territórios ou motivadas pelo separatismo, divergências de pensamento, bem como embates políticos são vencidos, geralmente, graças às alianças. Não necessariamente os aliados devem falar a mesma língua. Pode haver algazarra em uma Babel, mas apoios externos para manter a torre em pé são fundamentais.
E é sempre bom lembrar que o fraco de hoje pode ser o forte de amanhã, daí a importância de não recusar forças que somem para atingir um objetivo comum. O trabalho em equipe é fundamental para evitar um revés ou, pelo menos, diminuir a possibilidade de uma derrota. E assim pensa o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), pré-candidato ao governo do estado.
Rodrigues tem a simpatia do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), de ser ele seu candidato na Paraíba. Por outro lado o ex-gestor da Rainha da Borborema não se configura no chamado bolsonarista raiz. Vindo do PSDB, tem perfil moderado e o extremismo passa longe da sua oratória e pensamentos políticos.
A prova veio em recente declaração à imprensa que aceitaria o apoio de partidos de esquerda. E aí o mundo caiu para as lideranças bolsonaristas do estado, como o comunicador Nilvan Ferreira, presidente estadual do PTB, o líder da oposição na Assembleia Legislativa da Paraíba, deputado Cabo Gilberto (PSL) e em menor volume seu colega de Casa, Walber Virgolino (Patriotas).
Virgolino tenta acalmar a ira dos que apoiam, de maneira radical, o ex-capitão em buscar a reeleição. O parlamentar diz que houve um equívoco de interpretação na fala do ex-prefeito de Campina Grande, mas assim como os demais do seu grupo, condiciona apoio a Romero Rodrigues apenas se ele aceitar o projeto de governo do “mito” de forma integral.
O equilíbrio de Camila Toscano
Bem mais equilibrada que seus pares, a deputada estadual Camila Toscano, que faz oposição ao governador João Azevêdo (Cidadania), vem defendendo o diálogo e rechaçando o radicalismo bolsonarista. Avalia a parlamentar que uma eleição só é vencida com a união de forças.
Até Bolsonaro entendeu que só governa e vence eleições com aliados
Até o próprio Bolsonaro mudou de ideia. Em 2018 o presidente disse que a palavra “Centrão” era o mesmo que um “palavrão”. E ainda mais: que o grupo foi “satanizado” e que os deputados deveriam atuar para se desvincular “disso daí”.
O general Augusto Heleno, atual ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, deixou claro que o alvo a ser batido era o chamado Centrão, comparado por ele a um grupo de ladrões. Agora o discurso mudou no Palácio do Planalto.
O atual mandatário do país recuou e, em pura “magia”, vem afirmando que sempre esteve no Centrão. Ele se prepara para a concessão definitiva: empossar um dos líderes do bloco de parlamentares, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), como novo chefe da poderosa Casa Civil, que desde fevereiro do ano passado é comandada por generais.
Então, ou os bolsonaristas radicais da Paraíba entendem que o jogo político orbita em conversas e troca de favores, ou lançam um extremista para concorrer ao governo do estado de maneira isolada e “pura”.
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