O Brasil vem seguindo a risca o seu Hino Nacional. Segue o país indolente “deitado eternamente em berço esplêndido”. Não há movimentações de união entre um mesmo povo, que fala a mesma língua e que reside, disse certa vez Jorge Ben Jor, em um “país tropical e abençoado por Deus”.
Aliás, fala-se que Deus é brasileiro. Talvez seja Ele sim. E se sendo, vem observando de longe sua “criação” se esfacelar em uma virulenta onda de ódio e grave sandice. Afoga-se o Brasil nas costuras de uma ampulheta da vida que nos obriga ao recolhimento social claustrofóbico, embora necessário.
Não é o novo coronavírus que me coloca em pânico. Tal ser mícron me põe medo, mas histeria jamais. O que me causa verdadeiro pavor está contido nas palavras e ações de um presidente da República perdido no ódio em plena pandemia, cujo seu livro de cabeceira está pautado no uso indiscriminado da cloroquina.
Desmoralizado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não consegue demiti-lo. É claro que o chefe da pasta que está à frente no combate e proteção à Covid-19 não é um gênio da lâmpada que, ao esfregar por três vezes, dará aos brasileiros paz, harmonia e segurança.
Não é isso: Mandetta é um técnico. É um médico; fez o juramento de Hipócrates, constando no mesmo seu compromisso incondicional para salvar vidas. Mas é bom que se diga: todo e qualquer ser humano não é um só. É dual. Todos têm outras atribuições e facetas. E o ministro da Saúde não difere dos demais terráqueos.
Mandetta desafia Bolsonaro
O homem que “peita” Bolsonaro, tem em sua mente que, assim como o chefe da Nação, é um político. Ex-deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, conhece como ninguém os artifícios do Congresso.
Não veste o Verde Oliva do Exército. Não foi “moldado” na Academia Militar das Agulhas Negras, cujo respeito à hierarquia incondicional é valor para qualquer militar de carreira. Daí Mandetta está aonde está. “Confortável” no seu posto. Entende que será exonerado tão logo o terror da pandemia comece a ser dirimida.
Mas por enquanto, é Luiz Henrique Mandetta que dá as cartas. Como um primeiro ministro, cujo papel do presidente da República é apenas figurativo, Bolsonaro só assiste e dá chiliques em programas televisivos como Ratinho. Já não é o “cara” da classe media, e pior: os empresários já desdenham do seu potencial enquanto presidente da maior economia da América do Sul.
E por findar, será Mandetta o grande adversário de Bolsonaro (no campo da direita) nas eleições de 2022. Criador e criatura dividirão os votos; daí a grande chance da chamada esquerda voltar ao trono. Basta saber o candidato certo. E pelo o amor ao planeta: esqueçam Lula!
Já é hora do mesmo se aposentar, embora reconheça que, como cabo eleitoral de luxo, será primordial nas próximas eleições presidenciais.
Eliabe Castor
PB Agora