Existem vários tipos de parto. O parto normal, natural, cesariano, na água, de cócoras, leboyer, cesárea humanizada e assim por diante. E, em todos eles, o mais importante está na concepção da vida. Uma nova vida. Mas, em toda a natureza, infelizmente há o chamado feto natimorto. Aquele “nascido” sem sinais de vida. E nessa comparação, pode-se parir tudo, das mais diversas formas.
Seja o “parir” de um poema, uma escultura, grandes ou pequenas descobertas. Infinitos partos no cosmos. Parto que vem do Latim – Parare – “dar à luz”. E partos também são registrados na política, com todo um processo de gestação. Ele exige cuidados contínuos, acompanhamento do feto, até seu desenvolvimento que resultará em uma possível aliança partidária ou um postulante a determinado cargo eletivo.
E assim vem sendo fecundada a pré-candidatura do comunicador Nilvan Ferreira, que preside o diretório estadual do PTB, ao governo do estado, cujo processo de gestação já vem sendo discutido com todo o corpo “clínico” da agremiação que hoje ele comanda na Paraíba. Não se sabe ao certo se, de fato, o parir da candidatura do petebista virá ao mundo, mas se sim, certamente haverá grandes complicações no curso da gravidez.
O primeiro problema reside, de forma objetiva, no próprio Nilvan Ferreira. Buscará, ele, apenas dar palanque ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), em terras paraibanas, sendo sua candidatura natimorta? Ou ele realmente entrará, mesmo com poucas chances de êxito, na disputa pelo governo estadual?
O que será?
Esses dois questionamentos são importantes, pois o petebista pode colocar seu nome na cédula eleitoral de 2022 apenas para ficar no tablado político e, assim, buscar uma postulação a prefeito de João Pessoa em 2024. Essa é uma hipótese plausível que não deve ser descartada.
Outro estorvo na candidatura de Nilvan em 2022. Estava, ele, na condição da oposição ampla ao governador João Azevêdo (Cidadania), mas com o já quase declínio do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), para disputar o governo do estado, fica o petebista em isolamento quase total.
O isolamento
E aí explico o problema: exceto os partidos da base bolsonarista, Nilvan Ferreira não terá o apoio de siglas como o PSDB, que mira na figura do deputado federal Pedro Cunha Lima como candidato da agremiação para tentar ocupar o Palácio da Redenção.
Também não terá o apoio do PP, pois água e óleo não se misturam, muito menos quando há o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, no partido. Como é sabido por todos, Cícero foi o principal adversário do comunicador nas eleições municipais de 2020.
Os Ribeiro
Para deixar ainda menor a candidatura do petebista, são os Ribeiro, leia-se o deputado federal Aguinaldo – que busca uma vaga para o Senado na majoritária de João Azevêdo, e sua irmã, a senadora Daniella, cada vez mais próxima ao Palácio da Redenção, obstáculos quase intransponíveis para o comunicador.
O MDB de Vené e a esquerda
Ainda há a possibilidade do MDB, capitaneado pelo senador Veneziano Vital do Rêgo sair com uma candidatura própria, caso o entendimento com Azevêdo não ocorra; sem falar no bombardeio que Nilvan Ferreira será submetido por siglas de esquerda, como PT, PSB e outras afinadas com a candidatura do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário – diria desafeto pessoal – de Bolsonaro.
Por isso é quase certo que, sendo a candidatura de Nilvan Ferreira posta no tabuleiro, ela será um mero balão de ensaio. Já chegará ao mundo natimorta para 2022, pois visa um parto bem sucedido em 2024, o que também não será fácil, principalmente se ficar, o comunicador, sem o aporte do Palácio do Planalto em caso de derrota do atual presidente do país.
