A continuidade de um projeto político, científico, social, familiar ou individual é algo lógico, pois o chamado marco zero já existe. E tal dispositivo poupa tempo, dinheiro e, principalmente, oferece um “Norte” na bússola do que será concluído, a fim de manter um cronograma eficaz e menos dispendioso para os cofres públicos e/ou atores envolvidos. A afirmação é fato inconteste.
Porém, muitos buscam a famosa estratégia bélica de Stalin, cujo nome é “terra arrasada”. Em resumo, trata-se em destruir todos os meios de subsistência que poderiam servir aos nazistas – durante a Segunda Guerra – como casas, armazéns, plantações, etc.
Sim, o ditador da falecida União Soviética implantou tal expediente em um contexto extremo – uma guerra mundial – e que nada se parece com o que há no mundo atual. Porém, em alguns casos, a sociedade ainda sofre com o tal “método”. Não há queima de armazéns, plantações e casas. Há, sim, o fogo vindo do incinerador de sonhos.
Agora, saindo da esfera belicosa, pondo a mesma na seara política paraibana, ao que tudo indica o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), seguiu os ensinamentos de Stalin, ou parte de tal estratégia.
Cartaxo, antes de sair do Paço Municipal da capital buscou prejudicar, ao máximo, a gestão do seu sucessor – Cícero Lucena (Progressistas) – que afirmou, durante a volta dos trabalhos presenciais na Câmara Municipal de João Pessoa, nesta terça-feira (10), que o ex-gestor deixou a capital paraibana em completo abandono, o que é grave, embora não seja surpreendente no histórico político do ex-prefeito.
Não é preciso, aqui, mostrar o desastre da gestão insossa de Luciano Cartaxo. Não houve tempero para administrar, com vigor, João Pessoa. Pelo contrário, o “sabor” principal enquanto o verde esteve à frente do Executivo municipal foi para a “panela” recheada de denúncias vindas do Ministério Público Estadual e Federal que estão, em dias atuais, sendo analisadas pelo Judiciário, cujo espectro é amplo, indo desde supostos casos de nepotismo a superfaturamento de obras.
Equívocos políticos de Cartaxo e sua possível inelegibilidade
O Tribunal de Contas do Estado rejeitou recurso apresentado pelo ex-prefeito Luciano Cartaxo, e manteve a desaprovação de suas contas relativas ao exercício de 2019. As contas foram desaprovadas por maioria, em 29 de maio do ano em curso. Logo depois, o ex-prefeito protocolou recurso para tentar reverter à decisão.
Porém, o expediente jurídico foi desprovido e a desaprovação mantida. De acordo com o voto do conselheiro-relator André Carlos Tôrres, Cartaxo promoveu contratação de servidores sem concurso em excesso, além de deixar de aplicar R$ 9 milhões em Educação, em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Resta a Cartaxo uma virada no jogo, caso a Câmara Municipal de João Pessoa aprove suas contas. E não havendo êxito, o verde se tornará automaticamente inelegível.
Cartaxo busca a chamada tábua de salvação no PT
Na esfera política, Cartaxo abandonou, literalmente, todos os seus aliados na Paraíba, inclusive aqueles de primeira hora que ajudaram na sua eleição e reeleição. Resultado? Sem respaldo na “terrinha”, busca o ex-prefeito uma tábua de salvação na esfera nacional, vislumbrando um possível apoio do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann para seus projetos futuros.
Tenta o ex-gestor fugir do ocaso e manter-se vivo na política paraibana com uma proposta de ser ele o candidato de centro-esquerda para disputar o governo do estado em 2022. Vai colar? Só o tempo dirá, embora as chances sejam poucas no que se refere ao êxito nas urnas, fato que as lideranças do PT sabem e estão a analisar com potentes lupas, pois uma assinatura de alguém na água de nada vale.