Amanheci preocupado. Não só eu, mas milhões de brasileiros. Em 2021, com a ineficácia do governo Bolsonaro em não ter uma data limite para o início da vacinação imunizante para a Covid-19, e com o fim do auxílio emergencial, que o próprio presidente informou em tom de ironia o findar de um plano vital para quase 68 milhões de pessoas de baixa ou nenhuma renda, quem matará mais: a fome – fruto do desemprego – ou o novo coronavírus, cuja segunda onda já é uma realidade em todo o mundo?
Disse em tom de desdenha o inquilino do Palácio do Planalto: “Auxílio é emergencial, o próprio nome diz: emergencial. Não podemos ficar sinalizando em prorrogar e prorrogar e prorrogar”. Bem ao estilo da pouca sabedoria, ele e sua equipe econômica chefiada por Paulo Guedes observam “Roma pegar fogo” tocando lira nas suas luxuosas mansões, pagas com o dinheiro público, é claro.
Mas ainda há focos de esperança no Congresso. Parlamentares se mobilizam para discutir o tema mais que essencial para milhões de brasileiros. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) começou a coletar assinaturas de apoio a um requerimento de convocação extraordinária do Congresso em janeiro para votar um novo decreto de calamidade, a retomada do auxílio emergencial e a universalização de uma vacina contra covid-19.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu numa rede social o cancelamento do recesso para a votação de temas como o auxílio. É claro que os interesses políticos estão em tais preocupações, mas a falta de apetite do Executivo em, sequer, ventilar a possibilidade do retorno do auxílio torna alguns demônios em “anjos”. E demônios, em demônios ao cubo.
Enquanto isso a montadora Ford anunciou segunda-feira (11) que encerrará a produção de veículos no Brasil em 2021, o que levará mais brasileiros à fila de desemprego. Apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo, permanecerão funcionando.
Em tempo, a edição mensal da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19 estimou que a população desocupada, que era de 10,1 milhões no começo da pesquisa, em maio, passou para 13,5 milhões em setembro, um recorde da série histórica. Hoje as projeções estão próximas dos 15 milhões, e se nada for feito para reaquecer a economia, como o auxílio emergencial que fez o dinheiro circular, a estimativa é que até o final de 2021 o quantitativo de pessoas sem trabalho chegue a 23 milhões, o que desidratará ainda mais a força de Bolsonaro e seus planos para uma reeleição.
Eliabe Castor
PB Agora
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