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Opinião: como Bolsonaro, Nilvan perde discurso e não tem o “Bolsa Covid” beneficiando-o nas pesquisas eleitorais

O “Triste fim de Policarpo Quaresma”, que foi ao público em (1915), é considerada a obra-prima do escritor Lima Barreto. Em linhas gerais, o romance traça o destino tragicômico de um homem tomado pelo patriotismo ingênuo, em quixotesca luta contra a corrupção dos políticos.

Lima Barreto foi esteticamente um solitário, que se orientou pela linha inovadora de um realismo crítico de cunho popular e rebelde. E o texto mostra um país de muitas injustiças, principalmente sobre seu principal personagem.

O major Policarpo é um anti-herói quixotesco, imbuído de nobres ideais, alguns beirando à loucura (tanto é que passa uma temporada no hospício). Bom coração, idealista, patriota, por causa de suas qualidades acaba sendo castigado.

E convenhamos: quem já leu a obra, observa uma semelhança com a política atual. E não vou muito longe. Ponho minha âncora no segundo turno das eleições para prefeito de João Pessoa, buscando observar quem errou mais nas estratégias de campanha; não aquele que mais acertou. O quixotesco não vale aqui!

Falo do ex-senador Cícero Lucena (PP) e o comunicador Nilvan Ferre (MDB), um aventureiro nos mares bravios da política paraibana. E como Policarpo, o emedebista iniciou sua campanha com ares similares aos propalados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e seus “Moinhos de Ventos”; prometendo a total independência ao que ele chamada “velha política”.

E o resultado? O resultado está sendo o mais infeliz possível. Bolsonaro, todos sabem, só “engole” níveis aceitáveis dentro da população brasileira devido a chamada “Bolsa Covid”. Extinga-a, que o “mito” começa a afundar.

O Centrão

O Brasil ainda se sustenta pela “benevolência” provisória do Centrão que atua no Congresso. Sua cobrança? A alma do ex-capitão para liberar verbas para “combater” a epidemia do novo coronavírus a juros altos.

Cargos, mil cargos, milhões, bilhões de reais para os parlamentares que apoiarem o Governo Federal. O Executivo fecha os olhos. Ele (O Centrão) pode aplicar os quantitativos em emendas parlamentares ou no próprio bolso. Mas aí não se deve reclamar do Judiciário, outro ponto nevrálgico da nossa amarga e recente democracia.

E Nilvan?

Bem, Nilvan teve em suas mãos praticamente uma eleição garantida. Bolsonarista admitido, seus opositores estavam desgastados ou não contavam com o apoio da chamada periferia ao emedebista. Fez toda sua plataforma política baseando-se no “eu e a população”. E isso é belo quando você não está no front do combate e, sim, com um microfone na mão.

Contudo, a política é bem mais complexa que um bom editor de imagens, uma bela retórica e uma boa redação. Ela requer entrega ou compra. E Nilvan Ferreira precisou, as palavras corretas são essas, de tais artifícios. Agregou-se a velhos caciques da política paraibana a fim chegar até o local que está. Faltando três dias para findar o processo eleitoral, eis que nova pesquisa sai, e o preço é cobrado.

A pesquisa

Desta vez vinda do Datavox, contratada pelo portal PB Agora, divulgada nesta quinta-feira (26), apontou que o candidato Cícero Lucena também está liderando a maioria das regiões pesquisadas na Capital.

Os números não colocam dúvidas, pois se assemelham às pesquisas recentes de outros institutos. Uma média que varia entre 9 e 10 pontos percentuais em favor do postulante do PP. A do Datavox não foge a linha ou margem percentual.

Cícero Lucena surge novamente na dianteira com 46,5% das intenções de votos. Já o candidato Nilvan Ferreira (MDB) aparece com 35,4%. E nesse quadro, uma inversão de números é quase impossível.

Mas nada é (quase) impossível em uma guerra democrática tão acirrada. Por fim, Policarpo Quaresma só espera que o ataúde das urnas eleitorais seja lacrado, e resultado computado. Nada ainda definido até agora.

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