O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), vem passando, como o povo brasileiro sabe, por um processo de hospitalização. Debilitado, não parece aquele homem de fala pautada no discurso de ódio e força narcisista. Deitado sobre um leito demonstra o ex-capitão – sendo quase velado por seus filhos – que não está com uma “gripezinha”.
Esquece ele que desdenhou das pessoas que morreram sufocadas pela falta de ar em decorrência da Covid-19. Não está sendo medicado – no seu tratamento inicial – com cloroquina, medicamento para exterminar piolho ou um vermífugo de nome Anitta. Vem sendo injetado em suas veias o que há de melhor na farmacologia para minorar os efeitos do soluço e demais inconveniências.
Tem ao seu lado os melhores médicos do país – o que todo brasileiro deveria ter. Recusou o SUS – que salvou e vem salvando milhares de brasileiros e que foi criado pela Constituição Cidadã de 1988. O Sistema garante a todo o cidadão acesso integral, universal e gratuito a serviços de saúde. Nem um centavo paga Bolsonaro por seu tratamento em hospital particular. Tudo vem do contribuinte.
É sempre bom lembrar que o mandatário do país, em decreto perverso de número 10.530, ensaiou com seu ministro da Economia, Paulo Guedes, o caminho para que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) pudessem ser privatizadas. A grita foi geral. Diferentes espectros políticos, da esquerda à extrema-direita, foram contrários a tal atrocidade e o Messias recuou.
Agora o presidente luta para ir ao trono a fim de defecar com tranquilidade. É só o que ele deseja. E merece. Todos têm esse direito. Mas enquanto seu “sonho” não chega, mostra o “atleta” a debilidade própria do ser humano. Mortal, “esqueceu” de comprar vacinas imunizantes contra a Covid-19 em tempo hábil, o que acelerou o número de mortos vítimas da pandemia.
Mais de meio milhão de brasileiros morreram em decorrência da enfermidade. Como Bolsonaro, todos eram mortais. Porém, muitos não tiveram acesso a um leito específico para tratar a doença. Faltaram “coisas” básicas, como oxigênio e respirador mecânico nas UTIs. Faltou até medicamentos para sedar pacientes que mereciam ser intubados.
Bolsonaro e sua imagem
O retrato é, mais uma vez, o de um homem na cama de hospital. Explora a ideia de fragilidade com discurso político. Solicita orações, como no episódio da facada, mas esquece de orar pelos que morreram em decorrência das complicações geradas pelo novo coronavírus.
Claro! O presidente merece orações pelo seu estado clínico. Não é justo, muito menos cristão, desejar algo que possa complicar ainda mais a sua saúde. Trata-se de um gesto humano e religioso. Ou só humano. Ou só religioso. Não importa.
Trata-se de um gesto civilizado, pois qualquer tipo de barbárie é condenável. A selvageria não cabe, em hipótese alguma, na vida humana, embora o inquilino do Palácio do Planalto utilize, com frequência, tal expediente para aqueles que não leem sua cartilha.
Por fim, como disse a jornalista Olga Curado, em artigo publicado na UOL – “Que o capitão sare logo, que as fezes encontrem o seu caminho livre. Que o capitão não tenha motivos para fugir à sua responsabilidade e responsabilização. Saúde, capitão”.
Saúde para todos os brasileiros. Só pra complementar o raciocínio da colega.
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