O plural pode ser singular. Pelo menos na política, por mais paradoxal, ou oximoro que possa ser. E aqui, sem qualquer, querendo, explico! Toda oposição ao governador João Azevêdo (Cidadania) busca retirar o mesmo do poder. “Destroná-lo” do Palácio da Redenção. Contudo, não consegue, ela, um discurso e pensamento ideológico uniforme, fragmentando-a em uma colcha de retalhos com diversos tons de cinza.
E nessa figura de linguagem interessante, os oposicionistas –plurais – são levados ao singular. Ao “uno”, por assim dizer; estando todos lutando entre si, em uma batalha épica, cujo suposto adversário que está no poder, no primeiro momento, é o que menos importa. O bloco das oposições quer, sim, figurar em um possível segundo turno nas eleições de 2022. Mas nem todos irão.
Será interessante ver, ler, ouvir e degustar esse contrassenso lógico. Imagine, leitor, o caso particular do Partido dos Trabalhadores, cujo suposto pré-candidato da agremiação ao Governo do Estado será o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. Nesse caso agudo, o plural já se torna singular, pois na sigla há um nítido cisma dentro da própria legenda, no qual uma ala defende caminhar junto com Azevêdo, estando, nessa receita complexa, o deputado federal Frei Anastácio, seu ex-colega de Câmara, Luiz Couto, e o deputado estadual Anísio Maia.
Na outra ponta figurão o ex-governador Ricardo Coutinho, as deputadas estaduais Cida Ramos e Estela Bezerra, além do seu colega de Casa, Jeová Campos, todos ainda no PSB, mas que migrarão para o PT tão logo a chamada janela partidária esteja posta sobre a mesa em 2022. É o plural no seu singular puro e simples.
Agora sigo a linha paradoxal na propalada oposição da ‘direita conservadora’, cujos expoentes diretos têm nome e sobrenome, sendo eles o deputado estadual e presidente do Patriota, Wallber Virgolino, o pré-candidato ao Governo do Estado, de Nilvan Ferreira, que preside PTB estadual, além do deputado estadual Cabo Gilberto (PSL), que irá para o PL no próximo ano.
Vale uma contagem, para o leitor não se perder. Em hipótese alguma o PT progressista, fracionado, ou não, irá formatar uma aliança com os conservadores, pois água e olho, como é sabido, não se misturam, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (petista maior) e o atual mandatário do país, Jair Bolsonaro (PL). Ambos na corrida presidencial do próximo ano.
Agora é hora de seguir para o campo do que é concebido como centro. O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato a governador da Paraíba, não irá, em hipótese alguma, abrir mão da missão que lhe foi dada. O tucano, pelo menos no primeiro turno, não chegará próximo à vice-governadora Lígia Feliciano, pedetista há muito. Ele sabe que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, confirmou a intenção em colocá-la como candidata ao Governo do Estado em 2022.
E pelos últimos gestos políticos de Lígia e o clã Feliciano, tal fato deve, em breve, ser concretizado, o que só confirma o oxímoro já dito, no qual o plural pode ser singular, sim! Um paradoxo digno de Camões, que diz, em soneto famoso: “É um contentamento descontente…”.
O resto é o “salva-se quem puder!”. E ainda pode haver mais nesse imenso caldeirão desconexo chamado política partidária.