Quando o poder cega, atropela todos os valores. É assim que observo o discurso hoje adotado pelo radialista e apresentador de TV, Nilvan Ferreira, que preside o diretório estadual do PTB.
Encantado com a varinha de condão da política, jogou seu passado na latrina dos esquecidos e é muito pouco provável que encontre aliados de peso que sustentem seu projeto político megalomaníaco de ser candidato a deputado federal, senador ou até mesmo disputar o governo do Estado em 2022.
Em entrevista ao programa Frente a Frente, da TV Arapuan, ainda quando era pré-candidato a prefeito de João Pessoa, o comunicador, que na época marchava nas hostes do MDB, deixou claro que jamais iria se aliar com pessoas ligadas, de alguma forma, à corrupção. “Não vou querer dividir palanque com ladrão, quero pessoas de bem ao meu lado”.
Mentiu Ferreira, entregando-se com largo sorriso ao ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado em 2012 a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro; e que na atualidade preside a executiva nacional PTB.
Agora o comunicador vê seu nome minguar no campo das oposições da Paraíba. Falo daquela oposição mais liberal. Está sendo o comunicador sistematicamente ignorado pelo clã Cunha Lima, pela senadora Daniella Ribeiro (Progressistas) e todos que buscam retirar o governador João Azevêdo (Cidadania) do Palácio da Redenção no pleito eleitoral do próximo ano.
Até mesmo o deputado estadual Walber Virgolino (Patriotas) e seu colega de Casa, Cabo Gilberto (PSL) têm se esquivado de Ferreira desde que ele passou a ser a voz de Roberto Jefferson na Paraíba.
Todos sabem a postura política do mandatário petebista. Jefferson tem o fisiologismo, a corrupção e a traição no seu DNA. Trata-se de alguém que não se deve confiar, mas Nilvan Ferreira confiou e pode, também, ser abandonado nas vésperas das eleições de 2022 por aquele que o inseriu no PTB, o que seria a pá de cal derradeira nos sonhos políticos do comunicador.
Da esquerda para a direita, Nilvan errou
Ex-presidente municipal do PCdoB na cidade de Cajazeiras quando jovem, Nilvan Ferreira alegou que sua guinada para a direita teve uma culpada: a própria esquerda, alegando que o campo progressista mudou, sendo ele o mesmo – um conservador e patriota.
O problema é que se a esquerda perdeu suas características, como alegou Nilvan Ferreira na época que estava no MDB, perdeu ele muito mais. Como é público e notório, largou a mão do ex-senador José Maranhão, que encampou de forma vigorosa sua campanha para prefeito da capital nas últimas eleições.
Nilvan Ferreira deixou de lado o que o ex-senador emedebista fez por ele, não expressando qualquer tipo de pesar público pela morte daquele que era chamado “Mestre de Obras”.
Vítima da Covid-19, Maranhão sucumbiu. Nilvan Ferreira se “escondeu” em um bunker subterrâneo após sua derrota para Cícero Lucena (Progressistas). E como disse antes, está isolado, e ficará cada vez mais, pois calculou mal seus passos, comprometendo seu carisma e força política, em especial a base daqueles que lhe deram forte sustentação no pleito eleitoral passado.
Nilvan e Bolsonaro
E só para jogar mais tempero no feijão, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) pode até dar um mínimo de apoio ao comunicador – que segue a cartilha bolsonarista – mas as preocupações do inquilino do Palácio do Planalto são outras, começando pela tentativa da sua própria reeleição no próximo ano.