A estória circulou meio-mundo na Paraíba, pelo menos nos dias que sucederam a sétima etapa da Operação Calvário, denominada de Juízo Final: o governador João Azevedo estaria disposto a renunciar ao mandato conquistado nas urnas; outros disseram que ele o faria por pressão da família que não estaria suportando ver seu nome enlameado pelas investigações do Gaeco.
Só na cabeça de um jerico poderia passar a ideia de que um governador de Estado renunciaria tão fácil a um mandato, ainda mais quando João Azevêdo nem aparece nas investigações da Operação Calvário como responsável direto por qualquer dessas lambanças que as revelações sugerem que teriam ocorrido nos últimos anos durante a gestão girassol socialista.
João renunciando teria lançado um mea-culpa, não se livraria de qualquer das eventuais acusações que recaem sobre ele, e de quebra ficaria ainda mais fraco para se defender, estando ele despojado da condição e do mandato efetivo de governador do Estado.
De qualquer forma, o governador João Azevedo tem muito com o que se preocupar, caso tudo se confirme. Ou – o que seria pior – se porventura ele intimamente tem consciência que as coisas realmente aconteceram e que a sua eleição também é resultado das práticas nada republicadas, que deixam a todos de queixo caído.
As investigações ainda estão em curso. Resta saber se, de fato, tudo aquilo que foi delatado tem mesmo fundamento com provas robustas e não são só palavras ao vento.
Sim, porque a simples delação por si só não vale.
Delator quase sempre desempenha o triste papel de prostituta das provas, figura muito conhecida no mundo jurídico. O que diz o delator no máximo serve para nortear uma investigação e nada mais. Vejamos: Livânia disse que, num primeiro momento, entregou R$ 800 mil ao então governador Ricardo Coutinho, a título de propina recebida pelo esquema; numa segunda etapa, mais R$ 1 milhão. Ricardo diz que nunca recebeu. E ai, em cima de que prova a Justiça poderá condenar alguém?
Nem de longe as denúncias reveladas no programa global Fantástico corresponderam às expectativas forjadas pelos adversários do ex-governador Ricardo Coutinho. Até porque o mais grave é fruto de delações o que, repetimos, carece de provas e, portanto, serve apenas para orientar as investigações. Não tem valor nenhum como peça pandamentar uma condenação.
Vejamos: durante uma semana inteira circulou nas mídias sociais e coleguinhas escreveram textos com muita “indignação” como o “fato” de que o ex-governador Ricardo Coutinho teria tido a cara de pau de, numa conversa com o futuro delator, que fora gravada, ter vibrado ao receber uma “bolada” da Cruz Vermelha dizendo, saltitante: “Uhu, já tenho o meu 13º garantido”.
Os escritos tentavam passar a falsa ideia de que o governador, cinicamente, estaria pra lá de feliz por ter engordado a sua conta ou suas supostas caixas de dinheiro num final de ano com uma obesa propina.
Eu ouvi o áudio. Nada disso: na conversa com um interlocutor, Ricardo Coutinho apenas deixa claro que, como gestor prevenido, já dispunha em caixa o “seu” 13º , uma clara referência ao 13º salário dos funcionários públicos do Estado, em sua gestão. Ricardo, portanto, passava um atestado de gestor prevenido, que não deixa para a undécima hora a arrecadação para cobrir a folhas extras.
Tudo isso que estamos a ver sugere uma certa moderação. Não se pode, evidentemente, ser leve com corrupto, tampouco torcer pela impunidade. Nada disso.
Mas nós já assistimos a este filme. Quem não se lembra da condenação antecipada de Cícero Lucena, num episódio em que ele foi acusado, preso? Em que a quase totalidade da mídia o condenou por antecipação; deram o jocoso nome de Viaduto Sonrisal a uma de duas obras como prefeito de João Pessoa.
Anos depois – e muito recentemente – a Justiça inocentou Cícero Lucena, deixando os paladinos da Justiça com cara de paisagem.
Danado é ver aqueles que o malharam, condenaram por antecipação, desrespeitaram uma família inteira, constrangeram filhos, netos, parentes outros e amigos, e depois da sentença da Justiça inverter o discurso em favor daquele que condenou.
Mas tem outra: se ficar tudo confirmado, que houve propina, que o êxito do projeto socialista nas urnas foi bancada por dinheiro sujo, neste caso, tanto a gestão de Ricardo quando a de João Azevedo terão o mesmo grau de culpa por tudo. Afinal, terá sido um projeto de gestão e de poder bancado por um propinoduto.
Em suma: teriam sido mandatos comprados com dinheiro roubado.
Wellington Farias
PB Agora
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