O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amadureceu politicamente. Antes de todo o imbróglio jurídico patrocinado pela ruidosa Operação Lava Jato até sua prisão, passando pela soltura e a decisão provisória do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou todas as decisões tomadas pelos togados do “lavajatismo”, estando no epicentro o ex-juiz de ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, o petista finalmente entendeu que para combater o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, claro, ter chances de vitória nas eleições de 2022 é preciso a união, por completo, dos partidos progressistas.
Em entrevista ao jornal francês “Le Monde”, Lula acentuou o tom das críticas voltadas ao inquilino do Palácio da Redenção, cujos assuntos abordados de forma áspera passaram pela economia, política externa e, evidente, a pandemia causada pelo novo coronavírus.
Foi bem interessante ler e absorver cada letra. Não era mais o Lula do ABC paulista. O aguerrido sindicalista que sempre despertou amor dos seus partidários e ódio dos adversários. Degustei um Luiz Inácio Lula da Silva que fala no plural, não na primeira pessoa do singular.
Instado a comentar sobre a possibilidade de pleitear a presidência da República ele foi honesto. “”Em 2022, na época das eleições, terei 77. Se eu ainda estiver em grande forma, e for estabelecido um consenso entre os partidos progressistas deste país para que eu seja candidato, bem, não verei nenhum problema para estar! Mas eu já fui candidato, já fui presidente e cumpri dois mandatos. Também posso apoiar alguém em boa posição para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro governar mais este país”.
Confesso que fiquei impressionado com “Lula Hoje”, não o “Lula Lá” do passado. Em suas palavras, não havia ranço, mas a coerência dos mais velhos. “Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida. É realmente muito triste”.
A simpatia que durante minha juventude nutria por Lula começa a retornar, e com vigor. É bem provável que esteja, eu, sendo tomado pela célebre frase do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues. “Jovens: envelheçam rapidamente!”. E nos meus 5.0 vejo a beleza do atual momento. Assim como Lula. A beleza de lutar conhecendo cada vez mais a vida.
Eliabe Castor
PB Agora