Os desarranjos e desatinos do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido) estão sendo contabilizados pelo povo brasileiro. É certo que o inquilino do Palácio do Planalto possui, ainda, larga envergadura nas suas asas, mas como o mitológico Ícaro, elas começaram a derreter após o Supremo Tribunal Federal (STF) anular as condenações de Lula na Lava Jato e declarar a incompetência da Justiça Federal em Curitiba nos processos contra o petista.
A determinação da Corte restituiu os direitos políticos de Lula, algo que Bolsonaro sempre temeu, pondo ainda mais fúria nos seus discursos equivocados, até insanos, e despertando ainda mais o ódio dos seus apoiadores contra tudo e todos que não comungam com as ideias do “mito”. Um caso clássico de narcisismo coletivo e histeria violenta.
E para completar a tempestade perfeita que recai sobre o “deus do trovão tupiniquim”, a CPI da Covid vem atingindo de maneira direta o governo federal e toda a gestão negacionista e arrogante do próprio Bolsonaro. Hecatombes se formaram e tantas mais virão por pressões vindas de dentro e fora do Brasil.
Esse poderia ser o pior quadro enfrentado por Jair Bolsonaro desde que assumiu a presidência. Mas não é! Como disse, novas hecatombes estão surgindo – e aqui cito a própria pandemia – e o efeito Lula. Isso mesmo! O ex-presidente lidera uma pesquisa encomendada pelo Datafolha, e com folga. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (12).
Nela, o petista, caso as eleições presidenciais fossem hoje, teria no primeiro turno 41% das intenções de voto, contra 23% do atual ocupante do Palácio do Planalto. Em um segundo turno Lula teria 55% e Bolsonaro 32%. O ex-presidente também superaria Moro (53% a 33%) e Doria (57% a 21%).
E as asas de Ícaro e seu sonho de ir até o sol? Bem, elas continuam a derreter, havendo a forte tendência do astro-rei derrubar o ex-capitão das alturas imaginárias e aniquilar “O Incrível Exército de Brancaleone”. Leia-se, aqui, seus apoiadores fanáticos. Mas não se engane: o presidente centrará fogo de artilharia sobre Lula, Congresso, STF e tudo que não for seu próprio espelho.
Sua linha de frente é pesada, mas o calcanhar de Aquiles do seu governo mostra sinais de fraqueza, a exemplo do ex-ministro da Saúde, general Pazuello que, nervoso e com medo da CPI da Covid, busca a retaguarda, valendo-se das três estrelas que hoje pesam sobre seus ombros.
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